Amigos da Alcateia

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Palma Escoteira!

É uma das saudações Escoteiras executadas, principalmente, em formação da Ferradura.
Pode parecer complicada para quem não conhece, mas é bem fácil aprender.
Separei alguns métodos para ajudar a memorizar o ritmo das palmas.
APLAUSOS!

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folha de chá de chá
de chá

folha de chá de chá
de chá

folha de chá
folha de chá
chá

abacaxi
xi xi
xi xi
abacaxi
xi xi
xi xi
abacaxi
abacaxi
xi

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Músicas para Lobinhos

 
A Bagheera diz que tem
Ritmo:  A Barata diz que tem sete saias de filó...

A Bagheera diz que tem uma lição prá  ensinar
Ele é muito esperta vou depressa lhe escutar
Ah! Ra, Ra, Ra, Ra, Ra,  vou depressa lhe escutar – 2X

A Bagheera que é sempre bem astuta e valente
Diz que escova é nossa amiga, não esqueça nem um dente
Ah! Ra, Ra, Re, Re, Re,   não esqueça nem um dente – 2X

Um Lobinho descansado, é alegre e sabe rir
Dormir durante oito horas ele deve conseguir
Ah Ra, Ra, Ri, Ri, Ri,  Ele deve conseguir – 2X

Um Lobinho caprichoso, muito limpo e companheiro
Sempre lava bem a mão depois que vai ao banheiro
Ah Ra, Ra, Ro, Ro, Ro, depois que vai ao banheiro – 2X

As lições são muito simples e de fácil compreensão
Desta forma o Lobinho manterá seu corpo são.
Ah Ra, Ra, Rão, Rão, Rão, manterá seu corpo são - 2X
*******************


CANÇÃO DA ALCATÉIA
(música: Canção do Soldado)
Nós somos de uma alcatéia 
de alegres lobos, que não são bobos
A nossa Akelá ensina 

 ter olho aberto  e ouvido esperto
Andamos pela floresta 

 no peito e raça  buscando caça
Pois somos de uma alcatéia 

 de gente esperta  na trilha certa

Nas provas somos campeões 

 estrelas temos de montões 
Nos jogos ninguém nos ganha 
 e fazemos a façanha 
 de vencer competições
Excursionar  é um prazer 

 ver o sol a despontar
 ver a lua aparecer
Nossa alcatéia  ama o Brasil 

 a nossa terra  de encantos mil.

*******************

PIRULITO

Baloo eu vou dar um grito

Não grita não que eu te dou um pirulito

Baloo o que é um pirulito?

É uma bala espetada no palito

Baloo o que é um palito?

É um pauzinho que segura o pirulito

Baloo eu quero um pirulito

Lobinho eu prefiro ouvir um grito!

AAHHHHHHHHhhhhhhhhh


sábado, 26 de maio de 2012

Reunião da Alcateia - 26/05/2012

Hoje tivemos muitas atividades, os Lobinhos sempre alegres, ativos e participativos.


 O Lobinho Lucas participou do Hasteamento da Bandeira Nacional

A seguir fizemos o Grande Uivo, seguido de Quebra Gelo: A Roupa Nova de Kaa, após
 a Tropa Sênior apresentou dois vídeos como parte de seu adestramento
para serem julgados pelos lobinhos e chefes presentes. Os lobinhos adoraram. Temas dos vídeos: CharterHouse e Aperto de mão

Os Lobinhos tiveram ainda como lanche: Pipoca salgada e quentinha acompanhada de delicioso suco.
 Tivemos adestramento Pata tenra, 1ª e 2ª Estrela
 Diversidade religiosa (respeito e aceitação), Criações de Deus, dos Seres humanos. Confecção de mural com orações que os Lobinhos fazem em família.


Brincadeiras ativas e cooperativas, entre elas Barra manteiga

  Com a atuação sempre presente dos Velhos Lobos.

 O lobinho Juan participou do Arriamento da Bandeira Nacional

 Dobrando de forma perfeita!!
... caça livre!!!
Não tem como não se orgulhar cada dia mais desta galerinha.

Não poderia deixar de agradecer ao Chefe Djalma pelo precioso presente: Um exemplar do Livro da Jangal, de 1941, uma verdadeira joia que será muito bem vindo ao nosso acervo.

Melhor Possível!!!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Atenção senhores pais e/ou responsáveis!!

Estamos atualizando nosso cadastro junto a AEBP e solicitamos que enviem, na próxima reunião, o valor de R$ 12,00 (R$10,00 inscrição e R$2,00 carteirinha).
Sempre Alerta!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Brinquedos de sucata




Como todos sabem, o Lobinho é amigo da natureza, por isso nada mais lógico que ajudar na conservação do meio ambiente e reciclar é a palavra chave. Existem muitas formas de diminuir a quantidade de lixo que jogamos na natureza. Uma ótima ideia é transformar o que seria lixo em algo legal e que ainda divirta.
Então Lobinhos, mãos à obra: Vamos fazer estes brinquedos e ter uma tarde de muita diversão.

Dicas de Brinquedos Reciclados  Pega bola - Feito de embalagem de amaciante

Dicas de Brinquedos Reciclados  Cai não cai - Feito de garrafa Pet, palitos de churrasquinho e bolinhas de gude.

Dicas de Brinquedos Reciclados  Bilboquê - Feito de farrafa pet e bolinha de papel

Vai e vem de garrafa Pet

Estas são algumas sujestões, mas tem uma infinidade de coisas que a criançada pode fazer.
É só deixar fluir sua criatividade.
Então mãos à obra!!

domingo, 20 de maio de 2012

Hakuna Matata

O que é Hakuna Matata:Hakuna Matata

Hakuna Matata é uma frase do idioma suaíle, uma língua falada na África oriental, que significa sem problemas. A frase é muito utilizada em países como a Tanzânia e o  Quênia. A expressão é usada com enorme frequência, com o sentido de "ok" e "sem problemas", para responder perguntas. Hakuna significa não há, e  mesmo entre falantes de matata significa problemas.
Essa frase se popularizou com o filme "O Rei Leão", lançado por Walt Disney, em 1994. O filme conta a história de um leão, chamado Simba, que perde seu pai em um trágico acidente, então ele decide fugir do lugar onde mora, pois está com medo das maldades que seu tio Scar, fazia. Então, no meio do caminho, ele encontra um javali chamado Pumba e um suricati chamado Timão, e eles se tornam amigos. Timão e Pumba ensinam a Simba sua filosofia de vida "Hakuna Matata", que era para Simba não se preocupar com nada, apenas aproveitar cada momento, as belezas naturais e se divertir muito.
Em 1994, a canção Hakuna Matata concorreu ao Oscar de melhor canção, e entrou para o ranking das 100 melhores músicas de filmes pelo American Film Institute.  Nesse mesmo ano do Oscar, outra música do filme "O Rei Leão", acabou sendo a vencedora da premiação.
Fone: Aqui

Nós temos, na alcateia,  o nosso momento Hakuna Matata sempre ao final da atividade do dia, onde todos tem a possibilidade de comentar sobre as atividades realizadas, o que gostou, o que não gostou muito, suas expectativas para próxima reunião, sugestões de jogos e lanche. Um momento de demonstrar que tivemos uma reunião "sem problemas" e que estaremos prontos para as próximas com muita alegria e entusiasmo. 

Comida mateira

Entende-se por comida mateira, aquela que não se utiliza de utensílios domésticos para a confecção e é feita em campo, acampamentos, jornadas, bivaques, etc. Fazem parte do programa de treinamento de escoteiros, pois cozinhar a própria comida é um desafio e sempre uma grande distração para os jovens. É o momento de experimentar coisas novas e sabores diferentes e improvisar instrumentos, fazendo colher e pratos de bambu, espetos de galhos e muito mais. O Lobinho também pode e deve conhecer e aprender como preparar algumas delas, e quando surgir um acampamento com os demais Escoteiros vocês já saberão exatamente que refeição será servidade e ainda poderão ajudar. Eu tenho certeza que vão adorar!!!

 
Para fazer o peixe na brasa. Você irá precisar:
Um braseiro intenso e constante, sem labaredas;
Um bambu ou galho flexível verdes de aproximadamente 1 metro de comprimento;
Um peixe de mais ou menos 1 kg, limpo e descamado;
Sal grosso e tempero a gosto.
Agora fixe o peixe no “espeto” de modo que a pele fique para baixo voltada ao fogo então tempere a gosto, sem exageros. Descanse o espeto uns 40cm do braseiro, de modo que pegue bastante calor mas cuidando para não queimar rapidamente. Fica pronto em 30 ou 40 minutos. Recomendo batatas na brasa para acompanhar, enrole as batatas em papel alumínio e aproxime na brasa enquanto prepara o peixe.

Outra comida divertida, rápida e fácil é o ovo no espeto, para fazermos só precisamos de uma brasa ou fogueira pequena, um espeto fino e liso, que pode ser de bambu, e um pouco de sal fino. Para espetar os ovos tem um segredinho, quebre o topo e a base do ovo fazendo pequenos furos. Atravesso o espeto e tampe os furos com um pouco de sal em cada lado. Agora é só deixar próximo do fogo, cuidando para não queimar o espeto, vai derramar um pouco de clara, mas rapidamente estará pronto para descascar e comê-lo.

Agora um clássico: Pão de Caçador. Quem nunca fez um, irá fazer certamente enquanto escoteiro! Fácil de fazer com qualquer fogueira, precisaremos apenas de um galho para espeto, farinha água e sal. Coloque a água aos poucos na farinha com sal enquanto se mistura com a mão, até obter uma massa consistente que não grude nos dedos. Então faça um espiral com a massa no espeto previamente aquecido. Agora uma dica: se quiser incrementar um gostinho no pão caçador, acrescente manteiga, queijo ralado ou até mesmo doce de leite depois de pronto, vai ficar delicioso.
Melhor Possível!!!

sábado, 19 de maio de 2012

Reunião da Alcateia - 19/05/2012

Hoje tivemos uma ótima tarde com inúmeras atividades e uma Lobada ativa e cheia de vontade.
Prá começar a Lobinha Juliana participou do hasteamento da Bandeira Nacional.
Akelá e Baloo com alguns Lobinhos
Atividade Quebra-Gelo: O ataque de Tabaqui
Hoje foi dia de Culinária
Auxiliados pela Akelá, os Lobinhos prepararam um delicioso bolo de chocolate.
Seguiram direitinho a receita:
Enquanto o bolo assava, continuamos com as atividades
 Jogo: Mowgli sai da toca
 E chegou a hora do lanche, vamos ver como ficou nosso bolo
 Hummm, tudo de bom, né Lobinhos!!

Tivemos ainda, adestramento Pata Tenra (Etapa - Lobismo),
1ª  Estrela (Etapa - Cidadania, hasteamento e arriamento da Bandeira Nacional, conhecendo seu significado)
e 2º Estrela (Etapa - Hino Nacional)

As horas passaram voando, quando nos demos conta já estava na hora de fazer o Hakuna Matata, hora em que todos expressam suas opiniões sobre a reunião do dia e o que esperam da próxima.
 No encerramento, ouvimos a oração do Lobinho feita pela Lobinha Jéssica.
 Por hoje é só. E eu fico cada dia mais orgulhosa destes Lobinhos, que estão progredindo nas suas etapas e fazendo cada dia o seu melhor possível.
Brabo, Bravo, Bravíssimo Alcateia Lobo Guará!!!

sexta-feira, 18 de maio de 2012

História: Rikki-tikki-tavi - 5ª parte


Fazia escuro lá dentro. Rikki não sabia se o buraco se alargava adiante, de modo a permitir que Nagaína pudesse voltar-se e desferir novo bote. Não se preocupou com isso. Manteve-se firme na mordida, com as pernas afastadas para melhor frear-se naquele declive escuro e úmido. Quando lá do seu galho Darzee viu que os capins a boca da toca haviam cessado de agitar-se, murmurou:
- Foi-se Rikki-tikki! Temos que lhe cantar um canto fúnebre... A valente mangustinha morreu!... Nagaína já a matou, lá no fundo da terra.
E pôs-se a cantar a mais triste das canções, improvisada com as notas mais sentidas da sua comoção. Súbito, quando estava justamente no trecho mais tocante, os capins estremeceram de novo e Rikk-tikki foi reaparecendo suja de terra, primeiro a cauda, depois uma perna e outra, finalmente o corpo inteiro. Parou e lambeu os bigodes. Darzee deu um pio de surpresa, enquanto Rikki-tikki sacudia-se e espirrava.
- Está tudo acabado, disse a mangusta. A viúva não nos incomodará mais.
As formigas ruivas que moram nos caules das plantinhas ouviram essas palavras e trataram de descer em longas filas para verificar se era certo.
Rikki-tikki encolheu-se sobre a relva onde se achava e dormiu - dormiu até bem tarde, porque se sentia cansadinha do duro trabalho realizado.
- Agora, murmurou ela ao despertar, vou para casa. Darzee, conte o caso ao Caldeireiro, que ele espalhará por todo o jardim a notícia da morte de Nagaína.
O Caldeireiro é um pássaro que dá gritinhos absolutamente semelhantes a pancada do martelo numa vasilha de cobre; e faz isso porque é o arauto dos jardins indianos e o espalhador oficial de notícias.
Quando Rikki-tikki ia voltando para casa, ouviu o aviso de "atenção" do Caldeireiro, composto de notas semelhantes a pancadinhas num gongo - "Ding-dong-tock! Nag já não existe! Ding-dong-tock! Nagaína já não existe! Ding-dong-tock!".
A esse sinal todos os pássaros do jardim puseram-se a cantar, e os sapos fizeram coro, porque Nag e Nagaína viviam de comer sapos e passarinhos.
Ao aproximar-se da casa, Rikki-tikki viu saírem ao seu encontro Teddy, a mãe de Teddy (muito pálida ainda, pois havia desmaiado), e logo atrás o pai de Teddy, todos muito comovidos de ternura e gratidão. Choravam. Nessa noite a mangustinha comeu tudo quanto lhe ofereceram, comeu até não poder mais, e foi para a cama sobre o ombro do menino. Quando a mamãe apareceu no quarto para dar ao filho uma última vista d'olhos, viu a mangustinha quietinha, já livre das inquietações da véspera. Dormia.
- Parece incrível, disse a boa senhora ao marido, mas ela nos salvou a vida, a todos!...
Rikki despertou de sobressalto, porque as mangustas têm o sono levíssimo.
- Oh, é a mãe de Teddy!  - exclamou reconhecendo-a. Não se inquiete mais, mulher. Todas as cobras foram mortas e, se aparecer mais alguma, aqui estou eu de atalaia.
Rikki-tikki tinha motivos para ficar cheia de si; mas não se encheu de si, não. Limitou-se a guardar o jardim, qual uma verdadeira mangusta - mangusta da ponta do focinho a ponta da cauda - e nunca mais nenhuma cobra ousou enfiar a cabeça para dentro do muro.

("O Livro da Jângal") 

Os Lobinhos

“Saber que és um Lobinho”

Os Escoteiros pequenos, que não têm idade suficiente para se filiarem à Seção dos maiores se chamam Lobinhos. Por quê?
Pela singela razão de que um lobinho é um lobo pequeno. Se chamamos de Lobos aos Escoteiros, nada mais natural do que chamar de Lobinhos aos Escoteiros crianças.
Na América do Norte os índios pele-vermelhas formavam uma nação Escoteira. Cada membro da tribo deveria ser um autêntico Escoteiro. E eles nem percebiam o que eram!
Existia uma competição entre os jovens da tribo, valentes guerreiros, com o objetivo de ver quem era o melhor Escoteiro. Aquele que demonstrava sê-lo era apelidado de Lobo.
Havia lobos grises, lobos brancos, lobos vermelhos, lobos magros, etc…porém todos eram lobos. Este era, pois, um título de honra que significava um bom Escoteiro.
No outro extremo do mundo, na África do Sul, onde seus habitantes são completamente diferentes (negros selvagens em vez de índios pele-vermelha) também eram bons escoteiros e denominavam seus melhores de Escoteiros Lobos.
Um Escoteiro, como vocês sabem, é um jovem valente e corajoso, que de maneira voluntária vai até a morte, se necessário, para cumprir o seu dever; que sabe deslocar-se em terra estranha na luz do dia ou na escuridão da noite; que se basta a si mesmo; que sabe ascender seu próprio fogo e nele cozinhar seu próprio alimento; que pode seguir as pistas de animais e de homens; sem ser visto e que, ao mesmo tempo sabe ser obediente às ordens de seu chefe – até a morte.
Na África do Sul, a melhor das tribos eram os Zulus, seguidos dos Matebeles, dos Swagis, e dos Massai.Todos eram bons guerreiros e Escoteiros que haviam aprendido o Escotismo quando eram jovens.
Os jovens da tribos iam sempre aos campos de batalha para levar roupas e comidas aos guerreiros. Eles não combatiam, observavam de longe as batalhas, para aprender como se combatia e fazer o mesmo no devido tempo.
Os mais espertos dentre eles eram os lobinhos, futuros escoteiros lobos da tribo.

A Prova dos jovens Zulus
Antes de serem admitidos como Escoteiros e Guerreiros, eles deveriam passar por duras provas. Eis o que era preciso que fizessem:
Quando um jovem tinha a idade necessária para ser guerreiro, as roupas lês eram retiradas e seu corpo era todo pintado de branco. Davam-lhe um escudo para que se protegesse e uma pequena lança e o abandonavam na selva.
Qualquer Zulu que visse alguém nu com o corpo pintado de branco deveria caçá-lo e matá-lo. A pintura não podia ser lavada, levava um mês para sair naturalmente do corpo do jovem.
Durante um mês o jovem era obrigado a se esconder na selva e viver da melhor maneira que pudesse.
Tinha que seguir a pista dos veados, rastejar sem ser visto, até chegar ao alcance de sua pequena lança para matá-lo e obter, deste modo, alimento e roupas.Tinha que acender suas fogueira friccionando gravetos, pois não levava fósforos e nem tinha bolsos para guardá-los.Havia que ser cuidadoso para que o brilho de sua fogueira não atraísse aqueles que o caçavam.
Era necessário correr grandes distâncias, subir em árvores, e atravessar rios a nado para escapar de seus perseguidores. Era obrigado a ser valente para se defender dos leões e dos animais selvagens. Devia saber quais plantas eram comestíveis e quais eram venenosas. Fabricar seus utensílios de cozinha com casca de árvores e com barro. Construir sua própria cabana e mantê-la bem oculta.
Teria que ter cuidado para não deixar atrás de si nenhuma pista que pudesse ser seguida. Se roncasse durante o sono poderia ser descoberto por seus inimigos, portanto necessitava dormir sempre de boca fechada e respirar pelo nariz , sem fazer ruído.
Durante um mês se via obrigado a viver deste modo. Algumas vezes sob intenso calor em outras em meio ao frio e à chuva.
Com o fim da pintura branca podia retornar à sua vila e ser recebido com grande regozijo e ocupava seu lugar entre os guerreiros da tribo.
Então podia seguir sua carreira e chegar a ser, segundo sua bravura, um Ring-Kop, um guerreiro de verdade e usar um anel em torno da cabeça e continuar, deste modo, até receber o honrado título de Lobo.
Vocês já podem imaginar que muitos jovens que se sujeitava á esta prova não chegavam ao fim. Alguns eram devorados pelas feras, outros assassinados por homens, e muitos se afogavam ou morriam de fome ou de frio. Somente os melhores entre eles seguiam avante demonstrando que realmente eram homens.
Esta sim era um prova dura, não é verdade?

Cavaleiros
Na Idade Média os Cavaleiros eram nossos Escoteiros. Homens dispostos a morrer pela sua pátria, que haviam jurado ser bondosos com os anciãos, generosos e amáveis com as mulheres e com as crianças.
Eles também, como os Zulus, haviam aprendido seus deveres desde meninos. Haviam servido de pajens aos Cavaleiros, ajudando-os a vestir suas armaduras. Conforme cresciam e passavam a ser jovens, se convertiam em escudeiros. Aprendiam a montar cavalo, se exercitavam no uso das armas e, ao mesmo tempo, se instruíam nas leis da Cavalaria para se tornarem verdadeiros cavaleiros. Tinham que demonstrar que realmente conheciam seus deveres e eram aptos para a promoção, exatamente como os jovens guerreiros Zulus.
Como eu disse, isto foi em séculos passados. Agora, hoje em dia, muitos jovens gostariam que os Cavaleiros ainda existissem para realizarem os mesmos feitos. E os menores gostariam de ser pajens e escudeiros.
Pois bem, os Cavaleiros existem em nossa época. Os homens que eu considero como os Cavaleiros de outrora são os Escoteiros do presente. São os Guardes de Fronteiras de nosso pais, a Polícia Florestal, os caçadores, os exploradores, os topógrafos, os soldados e os marinheiros e os missionários. Todos estes homens que vivem em lugares selvagens e que enfrentam perigos e duros trabalhos por causa deseu dever. Esses homens que passam por toda sorte de penalidades e que tomam cuidado de si mesmos vivem a altura de nomes de patriotas e heróis, por sua bravura, sua bondade e sua justiça em todas as partes do mundo. Estes são os Escoteiros de hoje, nossos Lobos.
Mas eles não poderiam cumprir seus deveres se não o tivessem aprendido desde meninos.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

História: Rikki-tikki-tavi - 4ª parte


Darzee era um bobinho, incapaz de conservar na cabeça mais de uma idéia ao mesmo tempo, e unicamente porque lhe disseram que os filhos de Nagaína vinham de ovos, como os seus, não lhe parecia justo que algum os destruísse. Mas já a sua companheira tinha outro modo de pensar, e sabia que ovos de cobra querem dizer futuras cobras; por isso voou do ninho, deixando em seu lugar o marido a aquecer os filhotes e sempre cantando cantigas a respeito da morte de Nag. Darzee em muitos pontos se assemelhava bastante aos homens.
A companheira de Darzee pousou perto de Nagaína, na estrumeira, e gemeu:
- Oh, a minha pobre asa quebrada!... O menino da casa grande me jogou uma pedra...
Em seguida pôs-se a esvoaçar desesperadamente.
Nagaína ergueu a cabeça e silvou:
- Foi você quem advertiu Rikki-tikki quando eu ia apanhá-la pelas costas, não me esqueci disso - e, portanto, acho que escolheu um bem mau ponto para debater-se ...
E, rápida, esgueirou-se para o lado da avezinha.
- O menino me quebrou a asa com uma pedra! - continuava a lamuriar-se, com pios de choro, a companheira de Darzee.
- Bom! Há de ser uma consolação para você, depois de morta, saber que breve ajustarei contas com esse menino. Meu pobre marido jaz na estrumeira, mas antes que a noite caia o menino também estará muito caladinho na casa grande. Para que correr? Não sabe que não me escapa dos dentes? Tolinha, olhe para mim!
A companheira de Darzee conhecia muito bem o perigo de fazer tal coisa. Quando os olhos do passarinho se encontram com os da serpente, o medo o tolhe de tal modo que ele não consegue fugir. Assim, a prudente avezinha continuou a esvoaçar, fingindo-se ferida, e a piar lamentosamente, mas sem volver os olhos para a cobra. E Nagaína continuou a persegui-la.
Rikki-tikki percebeu de longe aquele jogo, que ia afastando a cobra de perto do monturo, e tratou de correr para o canteiro dos melões. Lá encontrou, habilmente escondidos, vinte e cinco ovos do tamanho dos de garnizé, mas revestidos duma pele branquicenta em vez de casca.
- Cheguei a tempo, murmurou ela, vendo por transparência as cobrinhas enroladas no interior dos ovos. Rikki não ignorava que logo ao saírem dos ovos as cobrinhas já podem matar homem ou mangusta. Fez serviço rápido. Esmagou-os. Depois passou-os em revista para verificar se não havia escapado algum. Encontrou três ainda intatos. Nesse instante riu-se, ouvindo a companheira de Darzee piar de longe:
- Rikki-tikki, eu trouxe Nagaína para a casa! Está na varanda! Venha depressa! Nagaína quer matar o menino!
Rikki-tikki esmagou dois dos ovos restantes e com o terceiro na boca precipitou-se para a varanda o mais depressa que pôde.
Teddy e seus pais lá estavam, diante do lanche do costume. Mas não comiam. Muito pálidos, conservavam-se numa imobilidade de estátuas, como que fascinados pela serpente enrolada sobre a esteira, em ótima distancia para um bote contra a perna nua do menino. Nagaína balançava a cabeça dum lado e doutro, cantando o seu próximo triunfo.
- Filho do homem que matou Nag, silvava ela, fica tranqüilo... Ainda não vou ferir... Espera um bocado... Imóveis, todos os três, hein? Insensatos que me mataram o meu Nag!
Os olhos de Teddy estavam fixos em seu pai, e tudo quanto o homem podia murmurar era:
- Não se mova, Teddy! Não faça o menor movimento... Foi quando Rikki-tikki entrou gritando:
- Eis-me aqui, Nagaína. Em guarda, que lá vai!
- Cada coisa a seu tempo, respondeu a cobra sem tirar os olhos da família apavorada. Depois justarei minhas contas com você. Olhe os seus amigos, Rikki-tikki. Estão imóveis e pálidos de morte... Estão aterrorizados e não ousam fugir... Se você se aproximar de mais um passo, dou o bote.
- Vá ver os seus ovos, respondeu Rikki-tikki. Vá ver os seus ovos lá no canteiro dos melões. Vá vê-los, Nagaína!
A serpente voltou-se então e viu rolar por terra o ovo trazido na boca pela mangusta.
- Ah! gemeu ela. Dê-mo!
Rikki-tikki pousou as patas de cada lado do ovo, enquanto seus olhos se tornavam rubros como o sangue.
- Qual o preço dum ovo de serpente? Qual o preço duma cobrinha? Qual o preço da última cobrinha? Da última da última ninhada? As formigas lá estão ocupadas em comer as outras, no canteiro dos melões.
Ao ouvir aquilo, Nagaína deu volta sobre si, esquecida de tudo por amor ao seu derradeiro ovo. Nesse momento Rikki-tikki viu o pai de Teddy estender os braços para o menino e e arrancá-lo donde estava, por cima da mesa.
- Lograda! Lograda! Lograda! Rikk-tck-tck! gargalhou a mangusta triunfante. O menino está salvo e fui eu... eu... eu quem agarrou Nag pelo capelo, esta noite, na sala de banho.
Em seguida pôs-se a saltar de todos os lados, numa alegria louca.
- Nag me sacudiu à grande, mas não conseguiu fazer-me largar o seu pescoço - e já estava morto quando o homem lhe deu o tiro de misericórdia. Fui eu quem o matou! Rikkitikk-tck-tck ! Por aqui, Nagaína. Por aqui - e batamo-nos. Você não ficará viúva por muito tempo.
Nagaína viu que havia perdido toda a chance de matar o menino e que o ovo - seu último ovo - permanecia entre as patas da mangusta.
- Dê-me o ovo, Rikki-tikki! Dê-me o meu derradeiro ovo, que prometo ir-me para sempre, murmurou ela baixando o capelo.
- Sim, você vai daqui para sempre, porque vai para o monturo fazer companhia a Nag. Em guarda, senhora viúva! O homem já foi buscar o canudo que faz pum! Em guarda!
Rikki-tikki pôs-se a pular em torno de Nagaína, sempre fora do seu alcance, com os olhos vivos como brasas. A cobra armou o bote e arremeteu. Rikki escapou dum salto e recuou. Outro e outro bote foram lançados, mas a cabeça da cobra batia sempre num choque surdo contra a esteira e seu corpo tinha de enrolar-se de novo, como espiral de relógio. Rikk-tikki dançava-lhe em redor para a pilhar de costas e a serpente girava sobre si para ter sempre a cabeça de frente ao inimigo. O ruído da sua cauda na esteira soava como folhas mortas que o vento agita.
Rikki-tikki havia esquecido o ovo em certo ponto da varanda. A cobra foi se aproximando dele pouco a pouco, e, num momento em que Rikki tomava fôlego, segurou-o na boca e disparou de rumo ao jardim com a rapidez da flecha. Rikki a seguiu. Quando uma cobra foge para salvar a vida, toma o aspecto dum chicote ao acamar-se no pescoço do cavalo.
A mangusta sabia muito bem que, ou dava cabo da cobra, ou não haveria mais sossego na casa. Nagaína dirigia-se em linha reta para o ervaçal, perto do espinheiro, onde Darzee continuava piando o seu canto de triunfo, qual perfeito maluquinho. Já a companheira, muito mais avisada, voou do ninho e veio esvoaçar sobre a cabeça da cobra. Se Darzee fizesse o mesmo, teriam conseguido fazê-la deter-se; mas Nagaína limitou-se a achatar o capelo e prosseguiu na fuga veloz. Não obstante, a breve atrapalhação que o voejo da avezinha determinara na marcha da cobra permitiu que Rikki-tikki se aproximasse e lhe ferrasse o dente na cauda, no momento em que Nagaína se ia sumindo no buraco onde morava - e lá se foram por ele além, a cobra e a mangusta, embora nenhuma, por mais experiente que seja, tenha o costume de seguir as cobras nos buracos.
continua...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

História: Rikki-tikki-tavi - 3ª parte


...Teddy levou-a para o quarto, à hora de dormir, e teimou em fazê-la deitar-se junto ao seu peito. Rikki-tikki resignou-se, mas logo que o menino caiu no sono saltou dali para rondar a casa. No escuro que fazia deu de encontro com Chuchundra, o rato mosqueado, que, como sempre, se ia esgueirando rente à parede.
Chuchundra é um animalzinho triste, que choraminga toda noite, experimentando ganhar coragem para correr pelo meio dos quartos sem jamais o conseguir.
- Não me mate! exclamou Chuchundra quase em lágrimas.
- Julgas por acaso que um matador de serpentes persiga ratos mosqueados? - respondeu Rikki com desprezo.
- Os que matam serpentes serão por ela mortos - disse Chuchundra sempre choroso. - E como estarei seguro de que Nag não me tome por você durante alguma noite escura?
- Não há o menor perigo, respondeu Rikki-tikki, porque Nag mora no jardim e você não anda por lá.
- Meu primo Chua, o rato, contou-me que... - ia dizendo Chuchundra, mas interrompeu-se.
- Que contou ele ?
- Caluda! Nag anda por toda parte, Rikki. Você devia conversar com Chua, no jardim.
- Não o conheço. Conte logo o que ele disse. E depressa, Chuchundra, que se não...
Chuchundra sentou-se e duas lágrimas lhe rolaram pelos bigodes.
- Sou um coitadinho, soluçou ele, que nunca teve coragem de correr pelo meio dos quartos... Caluda! Não é preciso que eu fale. Não está ouvindo nada, Rikki?
Rikki-tikki pôs-se à escuta. A casa estava imersa no maior silencio, mas mesmo assim pareceu-lhe ouvir um imperceptível "crá-crá...", um leve rumor como de abelha caminhando sobre vidro de vidraça ... um esfregar seco de escamas sobre o tijolo.
- É Nag, ou a esposa de Nag, que para cá vem vindo pelo cano d'água do banheiro, murmurou a mangusta. Você tem razão, Chuchundra. Eu devia ter conversado com Chua.
Disse e dirigiu-se, cautelosa, para a sala de banho de Teddy, onde nada encontrou; de lá encaminhou-se para a sala de banho da mãe de Teddy. Viu logo no rodapé da parede uma abertura para o escoamento da água, através da qual pode ouvir a conversa de Nag e Nagaína lá fora, no jardim. Dizia Nagaína:
- Quando a casa ficar vazia ela terá de mudar-se daqui - e nós então ficaremos de posse do jardim. Entre devagar e não se esqueça de que o homem que matou Karait é a pessoa que deve ser mordida em primeiro lugar. Depois venha contar-me como a coisa foi e combinaremos o modo de atacar Rikki-tikki.
- Mas está você certa de que teremos alguma coisa a ganhar matando tanta gente? - indagou Nag.
- Teremos tudo a ganhar. Havia mangusta no jardim quando a casa esteve desabitada? Se a casa ficar novamente vazia voltaremos a ser os donos do jardim - e não se esqueça de que logo que os nossos ovos, no canteiro dos melões, terminem o choco (será talvez amanhã), as cobrinhas vão ter necessidade de espaço e sossego.
- Não pensei nisso, observou Nag. Vou iniciar o ataque, mas acho inútil dar caça a Rikki-tikki logo em seguida. Matarei o homem, a mulher e, caso possa, também o menino; depois voltarei tranqüilamente. Vendo a casa vazia, Rikkitikki muda-se logo.
Rikki-tikki estremeceu do focinho a cauda, de raiva, ao ouvir tal conversa. Logo em seguida a cabeça de Nag surgiu na abertura, seguida de metro e meio de corpo escamoso e frio. Apesar de furiosa, Rikki-tikki não deixou de amedrontar-se diante do tamanho da serpente. Nag ergueu a cabeça e olhou para dentro do banheiro, então no escuro. Rikki viu seus olhos brilharem.
- Se a mato aqui, refletiu a mangusta, Nagaína virá a saber; e se para atacá-la eu espero que Nag saia do buraco, as vantagens ficam do lado dele. Que fazer?
Nag saiu do buraco e coleou pelo assoalho; Rikki ouvia-o beber num jarro bojudo de encher a banheira.
- Está bem, disse a cobra. Quando Karait foi morta, o homem tinha na mão um pau. Ele pode ter ainda esse pau, mas se vier ao banho pela manhã certo que não o trará consigo. Esperarei por esse momento. Está-me ouvindo, Nagaína? Vou esperar aqui até pela manhã.
Não veio nenhuma resposta de fora, o que fez crer à mangusta que a outra cobra já se tinha ido. Nag enrodilhou-se no jarro e Rikki permaneceu imóvel, como morta.
Ao cabo de uma hora, porém, começou a mover-se lentamente na direção do jarro. Viu que Nag estava adormecida; pôde correr os olhos pelo seu longo dorso a fim de estudar em que ponto morder.
- Se não lhe quebro a espinha do primeiro bote, pensou ela, Nag poderá ainda lutar - e se Nag luta, ai de Rikki!...
Considerou depois a espessura do pescoço da cobra logo abaixo do capelo e achou muito para sua boca; mas uma mordida mais para perto da cauda só serviria para tornar a serpente ainda mais furiosa.
- É preciso ser na cabeça, resolveu-se por fim; na cabeça, bem rente ao capelo; e, quando a agarrar, tenho de ficar agarrada, haja o que houver.
Deu o bote. A cabeça da cobra jazia um tanto afastada do jarro, bem sob a curva da asa; logo que seus dentes ferraram, Rikki encostou o congote de encontro ao rebojo da vasilha, a fim de melhor manter a cabeça junto ao chão. Isso lhe deu melhor jeito. Mas foi sacudida da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, como rato seguro em boca de cão - e para diante e para trás, e para cima e para baixo, e        em círculos largos e curtos. A mangusta, porém, que estava os olhos bem rubros, manteve-se firme, enquanto a cauda da serpente chicoteava às tontas, derrubando saboneteiras e escovas, e         ressoando surda de encontro ao metal da banheira. Sempre firme, a mangusta apertava os dentes cada vez mais, pois que, certa como estava de ser batida na luta, queria ao menos, para honra da raça, que a encontrassem de dentes cerrados. Sentia-se já completamente tonta, moída de golpes, como prestes a desfazer-se em pedaços, quando algo atrás dela estrondou horrível, e uma fulguração quente a pôs sem sentidos, com a pelagem tostada.
Desperto pelo barulho, o pai de Teddy havia pulado da cama e viera disparar a sua espingarda de dois canos bem sobre o capelo da cobra.
Rikki-tikki, de olhos fechados, continuava de dentes cerrados, convencida de que estava morta e bem morta; mesmo assim percebeu que a cabeça da cobra não mais se mexia e que o homem a levantava do chão, dizendo:
- A mangusta outra vez, Alice; acaba de salvar as nossas vidas, esta amiguinha...
A mãe de Teddy acudiu, muito pálida, e contemplou os restos mortais de Nag, enquanto Rikki-tikki se arrastava para o quarto do menino, onde passou o resto da noite a estudar-se cuidadosamente, a ver se realmente estava partida em vinte pedaços, como supunha.
Ao romper da manhã mostrava-se muito satisfeita com a sua façanha.
- Tenho agora de justar contas com Nagaína, que é pior que cinco Nags; e há ainda os ovos que estão em fim de choco. Ai, ai, ai! Preciso ver Darzee...
Sem esperar pelo almoço, correu para o espinheiro, onde encontrou Darzee entoando um canto de triunfo no tom mais alto possível. A notícia da morte de Nag já havia dado volta ao jardim, depois que um criado lançou o cadáver da cobra à estrumeira.
- Ó estúpido chumaço de penas! exclamou Rikki-tikki encolerizada. É então tempo de cantar?
- Nag morreu - morreu - morreu! cantava Darzee. A corajosa Rikki-tikki agarrou-a pela cabeça e não largou mais. O homem veio com o canudo comprido que faz pum! e Nag foi partida em dois pedaços! Nunca mais nos comerá os filhotes...
- Tudo isso é verdade, mas onde está Nagaína? - indagou Rikki-tikki, olhando cautelosa para os lados.
- Nagaína chegou até a boca do esgoto do banheiro para chamar Nag - disse Darzee, mas Nag saiu na ponta dum pau, pendurada, e foi dormir no monturo. Cantemos louvores à grande mangusta de olho vermelho!
E Darzee estufou o papo e cantou...
- Se eu pudesse alcançar esse ninho, dava com os filhotes no chão! - gritou a mangusta. Vocês não sabem fazer nada a seu tempo. Aí no ninho estão os dois bem seguros, mas cá embaixo tudo me cheira a guerra e perigos. Pare um minuto com essa cantoria, Darzee!
- Pelo amor da grande, da bela, da heróica mangusta, vou calar-me - respondeu Darzee. Que é que teme a matadora da terrível Nag?
- Temo Nagaína. Onde anda ela?
- No monturo, perto da cocheira, chorando a morte do marido. Viva Rikki-tikki, a gloriosa heroína dos dentes brancosl
- Para o diabo meus dentes brancos! Não sabe você por acaso onde Nagaína guarda seus ovos?
- Sei, sim. Estão no canteiro dos melões, no lugar onde o sol bate o dia inteiro. Faz já muito tempo que ela os escondeu lá.
- E só agora lembra-se você de contar-me isso? Perto do muro, não é?
- Será que Rikki-tikki quer comer os ovos da cobra?
- Comer, propriamente, não, Darzee. Venha cá. Se você tiver um grão de juízo na cabecinha, vai já à estrumeira, fingindo estar de asa quebrada, para que Nagaína o persiga até àquela moita. Tenho de ir ao canteiro dos melões, mas sem que Nagaína me veja.
continua...

terça-feira, 15 de maio de 2012

História: Rikki-tikki-tavi - 2ª parte

Rikki-tikki sentiu os olhos rubros e ardentes (quando os olhas duma mangusta ficam assim é que ela está em cólera), e sentou-se sobre a cauda e as pernas traseiras, qual pequenino canguru; olhou depois em torno e ringiu os dentes de raiva. Nag e Nagaína, porém, já haviam desaparecido dentro do ervaçal. Quando uma serpente erra o bote, nada diz nem denuncia o que pretende fazer em seguida. Rikki desistiu de persegui-la, porque não tinha a certeza de poder agüentar a luta com as duas. Em vista disso correu para o limpo e sentou-se, a refletir. Estava metida numa complicação muito séria.
Quem lê os velhos livros de história natural aprende que quando uma mangusta combate contra uma cobra e é mordida, foge dali para o mato a fim de mascar certas ervas curativas. Não é verdade. A vitória depende só de olho vivo e músculos prontos - arremesso de cobra contra salto de mangusta. E como olho nenhum pode seguir o movimento duma cabeça de cobra que dá bote, a agilidade defensiva da mangusta constitui maior prodígio que o efeito mágico de misteriosas ervas.
Rikki-tikki, verdadeira mangusta que era, não deixou de sentir-se satisfeita de ter tão habilmente evitado aquele golpe a traição. Veio-lhe disso mais confiança em si e quando Teddy desceu correndo para o jardim, mostrou-se com direito de ser admirada. No momento, porém, em que o menino se inclinava para ela, qualquer coisa mexeu-se na areia e uma vozinha disse:
- Cuidado! Eu sou a Morte!
Era Karait, a pequenina cobra cor de areia, que costuma dissimular-se na poeira. Tem a mordedura venenosíssima, mas é tão minúscula que ninguém lhe presta atenção - o que a faz ainda mais perigosa.
Os olhos de Rikki-tikki tornaram-se novamente rubros e, erguendo-se, ela dirigiu-se para Karait, com o bamboleio de corpo herdado de sua raça. Parecia cômico aquele andar, mas era sábio, porque lhe punha o corpo num tal equilíbrio que num dado momento podia, veloz como o relâmpago, mudar de direção para onde conviesse, o que constitui grande vantagem para quem vive em luta com as serpentes. Rikki-tikki, ignorando isso, estava a fazer coisa muito mais perigosa do que combater Nag; Karait era tão pequenina e movia-se com tanta agilidade que, a não ser que fosse agarrada rente à cabeça, poderia, num contragolpe, atingir a mangusta no olho ou no focinho. Rikki não sabia disso e, com os olhos em fogo, bamboleava-se naquele balanço de equilíbrio, procurando o momento de dar o golpe. Karait avançou. Rikki saltou de lado e fugiu com o corpo, a tempo de livrar-se, por um fio de cabelo, do pequenino bote da cabecinha empoeirada.
Teddy gritou para dentro:
- Venham ver uma coisa! A mangustinha está caçando uma cobra!...
Rikki ouviu a mãe do menino dar um grito, enquanto o pai se precipitava para o jardim, de bengala na mão. Nesse entremeio Karait desferiu novo bote, que também falhou e Rikki-tikki caiu sobre ela, ferrando-a no ponto próprio, bem junto à cabeça. A mordedura paralisou-a, e Rikki ia devorá-la, a começar pela cauda, quando se lembrou que tais refeições deixam o corpo pesado. Ora, ela tinha necessidade de dispor, dum momento para outro, de toda a sua força e ligeireza para o recontro com as cobras grandes. Ficou, pois, em jejum e foi espojar-se no pó, sob uma touça de mamoeiros, enquanto o pai de Teddy dava umas últimas bengaladas no cadáver de Karait.
- Para que isso? - pensou Rikki-tikki. Eu já a matei.
A mãe de Teddy desceu ao jardim ainda aflita e tomando nos braços a mangusta apertou-a ao peito, dizendo entre lágrimas que ela havia salvo seu filho da morte; o pai do menino concordou que aquela mangustinha era providencial. Teddy olhava para os dois com os olhos muito arregalados.
E no íntimo Rikki-tikki divertiu-se com a cena, embora a não compreendesse. Ao jantar, passeando dum extremo a outro sobre a mesa, por entre pratos e copos, poderia ter-se regalado de tudo quanto quisesse; mas a lembrança de Nag e Nagaína a fazia manter-se em jejum. E conquanto lhe fosse agradável ser amimada pela mãe de Teddy, para cujo ombro saltou, seus olhos de quando em vez tornavam-se rubros e de sua garganta saía o grito de guerra: Rikk-tikk-tikki-tikki-tchek!
continua...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

História: Rikki-tikki-tavi - 1ª parte

 

(Rudyard Kipling / tradução Monteiro Lobato)
Vou contar a história da grande guerra que Rikki-tikki-tavi sustentou sozinha, na sala de banho dum grande bangalô do acantonamento de Segowlee. É verdade que Darzee, o passarinho-alfaiate, a ajudou, e Chuchundra, o rato mosqueado que nunca ousa caminhar pelo meio da casa e sempre passa deslizando ao longo das paredes, lhe deu um aviso. Isso, porém, foi pouco diante do muito que Rikki-tikki fez.
Era uma jovem mangusta, que pela cauda e pêlo se assemelhava a um gatinho, embora pela forma da cabeça e hábitos lembrasse a doninha. Tinha os olhos cor-de-rosa, e também a ponta do focinho; podia coçar-se com todas as patas, as de diante e as de trás, à vontade; podia também eriçar a cauda ao jeito dos chumaços de lavar garrafa, e seu grito de guerra, quando estava em casa nos campos, era Rikk-tikk-tikki-tikkitchek!
Certo dia as águas dum temporal de verão a arrastaram da toca onde vivia com os pais, e a levaram, a debater-se aflitíssima, para dentro dum valo que havia perto. Rikki agarrou-se a um tufo de ervas flutuantes e perdeu os sentidos. Quando voltou a si, estava numa rua de jardim iluminada pelo sol, com um menino na frente, que dizia:
- E uma mangusta morta. Vamos enterrá-la.
- Não, disse a mamãe. Vamos pô-la a secar, porque pode não estar bem, bem, bem morta.
E a recolheu dentro de casa, onde um homem a examinou e declarou que realmente não estava morta, mas apenas asfixiada; envolveram-na então em flanelas e a puseram perto do fogo... e Rikki-tikki logo abriu os olhos e espirrou.
- Bravos! - exclamou o homem (era um inglês que havia alugado o bangalô muito recentemente). - Agora é não a assustarem e veremos o que a pobrezinha faz.
A coisa mais difícil do mundo consiste justamente em assustar a mangusta, porque é um animalzinho da cabeça aos pés feito de curiosidade. Parece que a divisa da raça é: "Procura e descobre", e Rikki-tikki não desmentia as qualidades do seu povo. Provou logo a flanela que a envolvia e verificou não servir para comer; correu depois em redor da mesa, sentou-se, foi empoleirar-se sobre o ombro do menino.
- Não tenha medo, Teddy, disse-lhe o pai. Esse é o modo de as mangustas mostrarem amizade.
- Ui! Ela está-me fazendo cócegas no pescoço...
Rikki-tikki enfiou os olhos por entre a gola e o pescoço do menino, farejou-lhe as orelhas e depois veio dum salto ao chão, onde se sentou, esfregando o focinho.
- Meu Deus! - exclamou a mãe de Teddy. - Então é a isto que chamam animal selvagem? Será que compreende que somos bons para ela e mostra-se grata?
- Todas as mangustas são assim, disse o marido. Se Teddy não lhe puxar a cauda, nem procurar metê-la em gaiola, viverá em paz aqui dentro, correndo por toda a casa o dia inteiro. Vamos dar-lhe alguma coisa de comer.
Veio um pedaço de carne crua, que Rikki-tikki achou excelente. Depois que a comeu foi para a varanda e sentou-se ao sol, eriçando a cauda para fazê-la secar completamente. Estava já quase sarada.
- Há mais coisas a descobrir nesta casa do que a minha gente lá no mato verá em toda a sua vida, pensou consigo a mangustinha. Vou ficar por aqui.
E começou a correr o bangalô, peça por peça. No banheiro por um tico não morreu afogada. No escritório sujou a ponta do nariz no tinteiro e a queimou na brasa do charuto, ao saltar para o colo do pai de Teddy a fim de vê-lo manejar a pena. Ao cair da noite correu ao quarto do menino para ver a criada acender o lampião, e quando Teddy foi para a cama Rikkitikki fez o mesmo. Mas era má companheira, visto como se levantava cem vezes durante a noite para descobrir a causa de todos os barulhinhos. Os pais de Teddy tinham vindo dar no filho a última vista d'olhos e lá encontraram a mangusta, muito esperta, deitada no travesseiro.
- Não gosto disto, declarou a mamãe. Ela é capaz de mordê-lo.
- Não morde, não, disse o pai. Teddy está mais seguro na companhia deste animalzinho do que se estivesse uma ama a guardá-lo. Se uma cobra entrasse no quarto agora...
No dia seguinte, muito cedo, Rikki-tikki veio à varanda para a refeição, repimpada no ombro de Teddy; recebeu uma banana e um pouco de ovo cozido, deixando-se tomar ao colo por todos os presentes. A mangusta bem educada procura tornar-se logo doméstica, e a mãe de Rikki, que já morara na casa do general comandante da região, lhe havia ensinado o que fazer, caso caísse nas mãos dos homens brancos.
Depois do almoço Rikki foi passear e observar o que havia pelo jardim. Era um grande jardim, mas um tanto largado, com tufos de roseiras Marechal Niel espessos qual moitas, e limoeiros e laranjeiras e touceiras de bambu enormes. Rikki-tikki lambeu os beiços de gosto.
- Que esplendido campo de caça! - disse, e a esse pensamento sua cauda se eriçou. Imediatamente se pôs a correr dum lado e doutro, farejando tudo. Súbito, ouviu lamentações doloridas que vinham de dentro duma moita de espinheiros.
Era Darzee, o passarinho-alfaiate e sua companheira. Moravam ali, tendo construído um belo ninho por meio da junção de duas folhas largas que coseram com fibras nos bordos; a concavidade assim formada fora enchida de paina. O ninho balouçava-se no ar, enquanto os donos, com os olhos no chão, piavam um choro triste.
- Que é que têm vocês? - perguntou Rikki-tikki.
- Somos muito infelizes, respondeu Darzee. Um dos nossos filhotes caiu do ninho, e Nag o devorou.
- Hum ! exclamou Rikki-tikki. O caso é realmente triste. Mas sou nova por aqui e não sei quem é Nag.
Darzee e a companheira, em vez de responderem, recolheram-se precipitadamente para dentro do ninho. É que do espesso do ervaçal viera um silvo surdo, um horrível som arrepiante... que fez Rikki-tikki dar um pulo para trás. E então, polegada a polegada, ergueu-se da erva a cabeça com o capelo ereto de Nag, a grande cobra negra de mais de dois metros de comprimento. Depois que se levantou de um terço acima do solo, ficou a bambolear-se da esquerda para a direita, exatamente como se balança um pé de taraxaco - e a cobra olhava para Rikki-tikki com esses olhos duros das serpentes, os quais nunca mudam de expressão, seja o que for que elas pensem.
- Quer saber quem é Nag? Sou eu, disse a cobra. O grande deus Brama pôs sua marca sobre todo o nosso povo, quando a primeira cobra estirou o seu capelo para o preservar do sol enquanto dormia... Olha para mim e treme, mangusta !
A cobra retesou o mais que pode o seu capelo, e Rikki-tikki pode ver sobre seu corpo as marcas em forma de argolas.
Por um minuto a mangusta sentiu medo; mas é impossível tal animalzinho sentir medo por muito tempo e, embora Rikki-tikki jamais houvesse encontrado uma cobra, sua mãe a nutrira de carne de cobras e lhe ensinara que o destino das mangustas é fazer guerra às cobras e devorá-las. Nag também sabia disso e lá no fundo do coração estava receosa.
- Muito bem, disse Rikki-tikki - e sua cauda eriçou-se de novo. Com marcas de Brama ou não, acha que tem o direi to de comer os filhotes de passarinho que caem do poleiro?
Nag vigilava os menores movimentos do ervaçal que se estendia por trás da mangusta. Sabia muito bem o significado de mangusta no jardim - simplesmente morte para si e sua família, mais cedo ou mais tarde. Era preciso, pois, apanhá-la de surpresa. Pensando assim, Nag moleou o corpo e disse:
- Conversemos ... Você come ovos. Por que não havemos nós de comer o que sai dos ovos? Responda.
- Olhe para trás, olhe para trás ! cantou disfarçadamente Darzee.
Rikki-tikki compreendeu instantaneamente o aviso, sem necessidade de voltar a cabeça para ver do que se tratava. E saltou para o ar, o mais alto que pode, ouvindo o ruído dum bote que falha. Era Nagaína, a companheira de Nag. Tinha vindo por detrás, sorrateiramente, enquanto Nag distraía a mangusta, a fim de dar cabo do inimigo por surpresa. Rikki-tikki, ainda no ar, ouviu o silvo de raiva da cobra lograda; depois veio ao chão e quase que caiu de costas. Se fosse mangusta de mais idade saberia que era aquele o momento de quebrar a espinha do inimigo com uma boa mordedura, mas apavorou-se com a terrível chicotada que recebeu e limitou-se a uma mordidela única, pulando de lado. Nagaína ficou a rabear, furiosa e malferida.
- Malvado ! Malvado Darzee! exclamou Nag.
E deu o salto mais impetuoso que pode na direção do ninho; Darzee, porém, o construíra de modo a pô-lo fora do alcance de qualquer serpente - e o ninho continuou lá em cima, a balouçar-se, inatingido.

continua...