Amigos da Alcateia

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Histórias da Jângal - A Flor Vermelha


Mowgli viveu incríveis aventuras. No entanto Akelá, o líder da alcatéia, envelhecia e logo ele erraria o bote pela primeira vez, assim como muitos dos lobos mais velhos.

Shere-Khan usava sua influência sobre os jovens lobos e convencia-os que Mowgli era um intruso perigoso. Bagheera sabia que quando Akelá perdesse seu bote, ambos morreriam, o Lobo Solitário e Mowgli.

O plano para salvar sua vida passava pela aldeia dos homens e Mowgli, que vivia à espreita, observando-os, achou fácil roubar uma vasilha cheia de brasas das mãos de um apavorado menino. Na caverna de mãe lobo ficou todo o dia soprando as brasas e cobrindo-as com gravetos secos para mantê-las vivas.

Naquela noite Akelá perdeu o seu bote e o conselho reuniu-se para assistir a luta de morte que elegeria um novo líder. Mowgli, entre Bagheera e Baloo, segurava seu pote de barro com as brasas. Shere-Khan falou contra Akelá e contra Mowgli, incitando os lobos a matá-los.

Então, derrubando as brasas, Mowgli disse:
 -Basta de discussão de cachorro! Muito já me disseram esta noite para provar que sou homem, a mim que desejava ser lobo toda vida, de modo que estou convencido de que sou homem!  

-Vou-me para minha gente. A Jângal estará fechada para mim. Serei, porém mais generoso que vocês; porque fui durante dez anos irmão de vocês em tudo menos no sangue. Chamou-os traidores e disse que iria embora, uma vez que era o que todos queriam.

Prometo que quando me tornar homem, entre os homens não trairei vocês perante eles, como vocês fizeram comigo.

Vendo o fogo, os animais recuaram aterrorizados. Mowgli usou um galho como uma tocha e assim armado com a  “flor vermelha”, que era como os animais chamavam o fogo, o menino de dez anos agiu como homem pela primeira vez.

Puxou os bigodes do tigre, chamou-o de cão sarnento e manco, obrigou-o a tremer de pavor e a fugir chamuscado pelo fogo que ele brandia sobre a cabeçorra malhada.

Exigiu que fosse poupada a vida de Akelá, e que ele fosse sempre ouvido nas reuniões do conselho.

Mowgli ainda prometeu que na próxima reunião da Roca do Conselho que ele viesse, ainda mais homem traria a pele do comedor de bezerros, Shere-Khan sobre a cabeça.
 Depois, sentiu uma tristeza enorme e pensou que estava morrendo, mas Bagheera disse que eram apenas lágrimas.
 "Você já é um homem", disse Bagheera mansamente. .

Com a cabeça enterrada no colo peludo de Baloo, Mowgli chorou.

domingo, 29 de abril de 2012

Oração do Lobinho

"Senhor Meu,
ensina-me a ser humilde e bondoso,
a imitar teu exemplo,
a amar-te com todo o meu coração,
e a seguir o caminho que
há de levar-me para junto de ti"

Assim seja!

Dicas

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Ecorrecreação
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Histórias da Jângal - Os Irmão de Mowgli

Há muito tempo, na Índia, um enorme tigre percorria a selva em busca de alimento. Chegou à uma clareira onde se encontravam acampados um lenhador e sua família, e pensou no banquete que iria fazer com aquele homem que dormia, ou melhor ainda, aquele menino gordo, filho do lenhador, que ali se encontrava.

Apesar do tigre ser enorme e robusto, não era muito bravo e não estava disposto a enfrentar abertamente um homem armado.

Assim, ele deslizou em direção à fogueira, mas por não prestar atenção por onde andava,acabou machucando as patas, quando pisou nas brasas da fogueira. A dor o fez rugir e despertou a família acampada. O tigre, então, não teve outra saída senão escapar, furioso e mancando.

Também o lenhador e sua mulher ficaram apavorados e não repararam que o menino tinha resolvido andar pela noite, não imaginando o perigo.

Com o passo inseguro, foi subindo a colina e logo, sem saber como, entrou na cova de um enorme lobo, bravo, porém nobre e bondoso. Ao ver que o menino entrava sem medo na cova, e considerando que o tigre o queria devorar, o pai lobo pegou o menino e colocou entre seus lobinhos recém nascidos, que estavam brincando por perto da mãe loba, Raksha. Esta viu o pequeno filhote de homem juntar-se sem receio com seus lobinhos e ficou com ele.

Pouco tempo depois, Tabaqui, o chacal, procurou Shere-Khan e lhe disse: Senhor tigre, sei onde está o menino que tanto lhe dá apetite. Se o matares, podes me dar uma parte como prêmio,por lhe haver dito o esconderijo. Ele está naquela cova, abaixo da colina. O chacal é um animal nojento, que induz os outros animais a caçar e matar, contentando-se com as sobras que lhe deixam, por isso também era conhecido com lambe pratos.

Shere-Khan foi, em seguida, à entrada da cova, que era muito estreita, que só lhe permitia meter a cabeça na sua abertura. Tal circunstância fazia com que o lobo não o temesse, já que se encontrava dentro da cova.

O lobo advertiu o tigre que fosse buscar seu alimento em outro lugar, que ele não devia transgredir as leis da selva, que proíbe a um animal matar um ser humano, porque isto faz com que muitos homens se reúnam para capturar o assassino.

Shere-Khan rugiu com raiva e começou a lançar ameaças ao Pai lobo. Raksha se uniu ao esposo para expulsar o tigre dali, pois ela havia se proposto a cuidar do menino, que um dia cresceria e teria condições de matar Shere-Khan.

O tigre se retirou e o menino permaneceu com os lobos e cresceu como membro da família. Chamaram-lhe Mowgli, que significa “pequena rã”. Levaram-no à Roca do Conselho, onde se reuniam os lobos para apresentar seus filhotes para a Alcatéia. Na ocasião, o chefe da Alcatéia, o lobo Akelá, disse que, para que Mowgli fosse aceito, ele teria que ser recomendado por dois membros da floresta. De repente apareceu uma sombra: era um urso chamado Baloo, que se propôs a ensinar a Mowgli as leis da Jângal, as diferentes vozes dos animais e os diferentes tipos de comida.

Mais tarde apareceu a pantera negra, Bagheera, que ofereceu um touro gordo pela vida de Mowgli; esta ensinou-lhe a caçar, pescar e os truques da imensa Jângal.

Mowgli, como pequeno lobo, tinha muito que aprender.

Histórias da Jângal - O Aprendizado de Mowgli

...Mowgli, como Filhote de Homem que era, tinha de aprender muito - às vezes, Bagheera vinha de manso por entre os arbustos para ver como o seu favorito ia de lições, e ficava de cabeça recostada a um tronco ouvindo-o repeti-las. O menino da Jângal já subia em árvores tão bem como nadava nas lagoas, e nadava tão bem como corria pela floresta. Por isso estava Baloo a lhe ensinar a Lei das Águas e a Lei das Árvores - como, de cima dum galho vivo, adivinhar um galho morto adiante; como falar polidamente a uma colméia quinze metros acima do chão; o que dizer a Mang, o Morcego, ao ter de incomodá-lo em seu galho, em pleno esplendor do sol; como avisar as serpentes aquáticas quando se vai dar um mergulho na lagoa. Nenhuma das criaturas da Jângal gosta de ser perturbada, nem de ser forçada a fugir com o súbito aparecimento dum intruso. Por isso, também lhe foi ensinado o Grito do Caçador Intruso, o qual tem de ser repetido até que venha resposta, sempre que uma criatura quer caçar fora de sua zona. Esse grito é assim: "Licença para caçar aqui, que estou com fome". E a resposta: "Caça, mas só para matares a fome, não por prazer".
Estes exemplos mostram quanto Mowgli tinha de aprender de cor - coisas que o cansavam pelo grande número de vezes que havia de repeti-las.
- O tamanho dele acaso evita que seja morto? – justifica Baloo. - Certo que não. Por isso lhe ensino tanta coisa - defesas - e nele bato, sem o machucar, quando se mostra desatento no aprender.
- Mas cuidado em não ensiná-lo demais, matando-o. Quais são essas palavras que ensinaste ao nosso filho? Gostaria de conhecê-las.
- Chamarei Mowgli para que as diga... - se ele o quiser. Vem cá, Irmãozinho! - gritou o urso.
- Minha cabeça está azoando como árvore de abelhas - murmurou por cima dos dois animais a voz queixosa de Mowgli, que vinha escorregando duma árvore abaixo, colérico e indignado.
- Vamos, dize a Bagheera as Palavras Mestras da Jângal, que te venho ensinando estes dias.
- Palavras Mestras de que povo? - indagou Mowgli, deleitado de exibir seus conhecimentos. - A Jângal possui muitas linguagens, que conheço todas.
- Conheces um bocadinho, não todas. Vamos, dize as Palavras do Povo Caçador, ó grande aluno!
-Somos do mesmo sangue, vós e eu – disse Mowgli.
- Bem. Agora a Palavra das Aves.
Mowgli repetiu-a.
- Agora a palavra do Povo Serpentino - pediu Baghera.
A resposta foi um indescritível assobio ou silvo muito bem imitado.
- Aí está! Esses modos justificam os meus tapas, disse o urso com ternura. Um dia há de agradecer-mos. Não tem a temer ninguém - concluiu Baloo orgulhosamente.
- Exceto a tribo dos lobos - murmurou Bagheera a meia voz. Depois, alto, para Mowgli: - Tem dó das minhas costelas, Irmãozinho. Que dança é essa aí em cima?
Estava Mowgli a puxar o pêlo do pescoço da pantera e a esporeá-la para que desse atenção ao que ia dizer.                                                                                                                                                                                                                                                                           
- Penso que terei minha própria tribo, que guiarei o dia inteiro pelo Jângal.
- Que nova loucura é essa, sonhador de sonhos? - indagou Bagheera.
- Sim, e havemos, do alto das árvores, de jogar ramos e nozes sobre este urso velho - continuou Mowgli. - "Eles" prometeram-me isso.
- Mowgli - disse Baloo, - estiveste a conversar com os Bandar-log, o Povo Macaco?
O menino olhou para Bagheera para ver se também estava colérica. Os olhos que encontrou tinham a dureza do jade.
- Estiveste com os macacos? Com os macacos cinzentos, o povo sem lei, os comedores de tudo? Que vergonha!...
- Quando Baloo machucou minha cabeça - respondeu Mowgli ainda na mesma posição - saí pela Jângal, para muito longe. Os macacos cinzentos, em certo ponto, desceram das árvores, cheios de piedade por mim. Só eles tiveram dó de mim...
O dó do Povo Macaco! - exclamou Baloo com ironia. - Isso vale o mesmo que dizer o silêncio da cachoeira, a frescura do fogo... E depois, filhote de homem?
- Depois... depois me deram castanhas e mais coisas gostosas!... carregaram-me nos braços ao topo das árvores e afirmaram que eu seria o seu grande chefe.
- Os macacos não têm chefe - rosnou Bagheera. - Mentiram. Mentem sempre.
- Foram muito bondosos comigo - prosseguiu Mowgli, - chegando a pedir que voltasse de novo. Dizei-me: por que nunca me levastes para o meio desse povo? Eles sabem andar de pé, como eu. Não me maltratam. Brincam o dia todo. Larga-me, Baloo! Deixa-me ficar de pé, urso malvado! Quero e hei de visitar os macacos outra vez...
- Ouve, filhote de homem - urrou o urso com voz de trovão. - Ensinei-te a Lei do Jângal no que diz respeito a todos os animais, menos aos macacos que moram em árvores. Eles não têm lei. São proscritos. Vivem rindo de tudo, sem saber por quê. Nós no Jângal não temos nenhum entendimento com esse povo. Já viste a mim, por acaso, falar neles, algum dia?
- Nunca - respondeu Mowgli num murmúrio que soou nítido no silêncio em que o trovejar de Baloo deixara a Jângal.
- O Povo do Jângal os baniu da sua boca e do seu pensamento. Eles são numerosíssimos, maus, sujos, sem brio, animados do desejo único de serem vistos e admirados por nós.
Mal acabara Baloo de pronunciar estas palavras, uma chuva de nozes e galhos secos caiu sobre eles, vinda de cima das árvores próximas, acompanhada de um rumor muito conhecido de saltos, guinchos, uivos e tossidas.
- O Povo Macaco não existe para o Povo do Jângal. Lembra-te sempre, Mowgli.
- Não existe - confirmou Bagheera. - Mas julguei que Baloo já houvesse avisado Mowgli disso.
- Eu? Eu? Como poderia adivinhar que iria ele meter-se com a sujidade? Macacos! Ugh!...
A chuva de nozes e galhos continuou, fazendo que o urso e a pantera se fossem dali e levassem Mowgli consigo. O que Baloo dissera dos macacos correspondia à realidade.
Súbito, o menino acordou agarrado nos braços e pernas por pequenas munhecas ásperas, ao mesmo tempo em que sobre sua cabeça as ramagens eram sacudidas violentamente.
- Eles nos viram! - gritavam num delírio de contentamento. - Bagheera nos viu! Todo o Povo do Jângal nos admira pela nossa habilidade e engenho!
Depois principiaram a lutar entre si nos galhos, coisa que ninguém descreve.
Repugnado como se achava, nem por isso deixou Mowgli de gozar aquela selvagem corrida aos pulos.
A escolta que o conduzia era habilíssima em levá-lo ao mais alto das copas; nesses momentos, rápidos como o relâmpago, os macacos atiravam-se numa direção ou noutra, para se agarrarem aos galhos mais grossos das árvores próximas. Os raptores logo o puxavam e o remergulhavam no seio escuro das copas das árvores.
Que fazer? A primeira coisa a fazer seria comunicar-se com Baloo e Bagheera, porque, na velocidade com que os macacos o conduziam, aqueles amigos estavam se distanciando cada vez mais.
Olhar para baixo, inútil; só enxergava galhos e mais galhos. Olhar para cima, sim, talvez nisso estivesse a salvação. Acertou. Logo que ergueu os olhos para o Céu, viu, muito alto, um ponto que se movia no azul. Era Chil, o Abutre, que soltou um pio de surpresa quando percebeu Mowgli, num dos momentos em que era lançado duma árvore para outra, e lhe ouviu a Palavra dos Abutres gritada em tom agudo: "Somos do mesmo sangue, eu e tu!".
Mas a onda verde das copas rápida se fechou, tirando o menino das vistas de Chil, que, cheio de curiosidade, voou para uma árvore adiante, donde pudesse avistar Mowgli outra vez.
- Marca a direção que levo e avisa a Bagheera e Baloo - gritou o menino ao passar por aquela árvore.
- Em nome de quem? - indagou Chil, que só conhecia Mowgli de nome e feitos.
- Em nome de Mowgli, a Rã, ou do filhote de homem, como muitos me chamam. Marca a direção.
Chil, lá de cima, firmou o telescópio dos olhos sobre o mar de copas, a fim de bem observar, pelo movimento das folhas e galhos, a trilha que os macacos seguiam.
- Eles nunca se afastam para muito longe - murmurou consigo Chil. - Nunca fazem o que combinam ou pretendem fazer. Distraem-se pelo caminho. Se não me iludo, devem estar, neste momento, em disputa sobre qualquer coisa sem importância.
E Chil continuou de observação, flutuando, de pés encolhidos, librado a lentos impulsos de asas.
Longe dali, Baloo e Bagheera ardiam em cólera. A pantera trepara tão alto em uma árvore que perdera o equilíbrio e viera ao chão com as garras cheias de fragmentos de casca.
- Por que não ensinaste tudo, tudo, ao filhote de homem? - gritou ela furiosa para o pobre Baloo, que marchava no trote, com esperança de alcançar os raptores. - De que adiantou tanto tapa, se não lhe deste todas as lições necessárias?
- Depressa, mais depressa - respondeu Baloo ofegante. - Nós ainda poderemos alcançá-los.
- Neste andar? Neste andar não forçaríamos sequer uma vaca ferida. Mestre da Lei do Jângal, carrasco do filhote de homem, uma légua mais desse teu trote te deixará estrompado. Pára e medita. Eles são capazes de o largar do alto das árvores, se os seguirmos muito de perto.
- Arrula! Whoo! Talvez já o tenham feito, cansados de o conduzir.
Baloo castigava-se a taponas na cara e rolava no chão, uivando de dor.
- Baloo, que modos são esses? Mais respeito por ti próprio! Que pensaria a Jângal se eu, Bagheera, rolasse no chão como Ikki, o Porco-Espinho, e uivasse, como estás fazendo?
- Que me importa a mim o que a Jângal pensa? Mowgli, o meu Mowgli, pode estar morto a estas horas...
- A não ser que o derrubem do alto das árvores ou o matem por desfastio, nada receio pelo filhote de homem.
Bagheera pôs-se a lamber uma das patas, pensativamente.
- Louco que fui! - continuou Baloo, erguendo-se do chão. - Louco peludo! Louco dos loucos! É verdade que Hathi, o Elefante Selvagem, costuma dizer: "Cada qual tem o seu medo". Os Bandar-log têm medo de Kaa, a Serpente. Vamos em procura de Kaa.
- Que poderá ela fazer por nós? Não pertence à nossa raça, sem pés que é, e com aqueles olhos tão maus - sugeriu Bagheera.
- Kaa possui a habilidade e a experiência das criaturas muito velhas. Além disso, vive sempre com fome - disse Baloo animado de esperanças. - Prometer-lhe-emos cabritos, muitos cabritos.
- Kaa dorme por quatro semanas cada vez que se alimenta. Pode estar a dormir agora e, ainda que o não esteja, ela sabe caçar por si mesma quantos cabritos queira.
A pantera não conhecia muita coisa a respeito dos costumes de Kaa e, portanto, estava incrédula.
- Nesse caso, eu e tu, velhos caçadores que somos, forçá-la-emos a agir - aventurou Baloo, seguindo com a pantera em direção à moradia de Kaa, a Serpente da Rocha.
Encontraram-na estirada ao sol, admirando o seu vestuário novo, pois que vinha de terminar o retiro durante o qual muda de pele. Mostrava-se esplêndida de vigor.
- Nada comeu ainda - disse Baloo num suspiro de alívio. - Cuidado, Bagheera! Kaa fica um tanto cega sempre que muda de pele e compensa isso com a rapidez dos botes.
Não era Kaa uma serpente venenosa, chegando mesmo a desprezar, como covardes, as que o eram. Sua força residia nos músculos. Quando enleava alguma presa, tornava inútil qualquer resistência.
- Boas caçadas! - saudou Baloo, sentando-se defronte dela.
Como todas as cobras, Kaa era dura de ouvidos. Por isso, ao ouvir a saudação de Baloo, enleou-se para o bote de defesa, sinal de que não o ouvira claramente. Logo depois, compreendendo o que era, respondeu:
- Boa caçada para todos nós. Ó, Baloo, que novidade te traz aqui? Um de nós, pelo menos, está com fome. Sabeis d’alguma presa ao alcance?
- Estamos caçando - disse Baloo com voz amável e sem pressa, pois sabia que nada se deve precipitar com os animais grandes.
- Permiti-me que vá convosco - disse Kaa. – O desagradável é que os galhos não são hoje o que eram na minha mocidade. Secos e podres, todos eles...
- Talvez teu grande peso de agora explique essa diferença sugeriu Baloo.
- Estou dum belo comprimento, não há dúvida - disse Kaa com certo orgulho. - Mas a culpa é dos galhos de hoje em dia, muito fracos.
- Sem pés, minhoca amarela - murmurou Bagheera, que sabia quais os insultos com que os macacos insultam as cobras.
- Ssss! - chiou Kaa. - Disseram isso de mim?
- E coisas ainda piores disseram a quem os quisesse ouvir, na lua passada. Mas ninguém os aplaude. Eles não cessam de dizer coisas, e de ti chegaram a inventar que és uma serpente desdentada, incapaz de atacar presa maior do que um cabrito novo, e sabes por quê?
Uma serpente, sobretudo uma velha serpente da espécie de Kaa, raro se mostra colérica. Baloo e Bagheera, porém, puderam notar-lhe um movimento significativo dos músculos queixais.
Os Bandar-log mudaram-se para aqui perto - disse com disfarçada indiferença a cobra. - Quando vim hoje espichar-me ao sol, ouvi-os em gritaria nas árvores próximas.
- São... são esses os macacos que estamos seguindo - disse Baloo com repugnância.
Compreendendo isso, Kaa observou:
- Alguma fizeram para terem à cola dois caçadores deste porte, caçadores mestres! Andais, então, na pista deles, ó valentes caçadores?
- Nada sou - respondeu Baloo com modéstia - além dum velho e às vezes caduco professor da Lei do Jângal, e aqui a amiga Bagheera...
- Bagheera é Bagheera! - interveio a pantera batendo firme os dentes, já que não entendia de humildades. - O caso é este, Kaa, os comedores de nozes raptaram o nosso filhote de homem, que talvez conheças de fama.
- Ouvi de Ikki alguma coisa sobre um filhote de homem a criar-se em certo bando de lobos de Seeonee. Mas não acreditei. Ikki vive cheio de histórias mal ouvidas e pior contadas.
- Essa é verdadeira. Trata-se dum filhote de homem como jamais existiu igual - disse Baloo. - O mais vivo e intrépido de todos os filhotes de homem, meu discípulo, e discípulo que fará o nome do velho Baloo famoso em toda a Jângal. Além disso, eu... nós o adoramos, Kaa.
- Tss! - silvou a serpente, movendo a cabeça chata da esquerda para a direita. - Também sei quem o adora. Ouvi histórias que poderei repetir...
- Fiquem as histórias para uma noite de lua em que estivermos de papo cheio e com boa disposição - interrompeu Bagheera vivamente. - Nosso filhote está nas munhecas dos macacos, os quais, de todas as criaturas do Jângal , só temem a ti, Kaa.
- Temem a mim só - confirmou Kaa e com justo motivo. Barulhentos, doidos, mesquinhos! Mesquinhos, doidos e barulhentos: eis o que são os Bandar-log. Não considero invejável a sorte desse filhote de huinhos! Mesquinhos, doidos e barulhentos: eis o que são os Bandar-log. Não considero invejável a sorte desse filhote de homem. Insultaram-me de minhoca amarela, não é?
- Sim - minhoca amarela, além de coisas que não posso dizer, de vergonha.
- Precisamos ensiná-los a ter melhor língua. Aaa-sssh! Precisamos ajudá-los a se educarem. E para onde conduziram esse filhote?
- Só a Jângal o sabe. Para o poente, creio - informou Baloo. - Julgávamos que tu o soubesses, Kaa.
- Eu? Como? Eu os apanho quando os pilho em meu caminho, mas jamais os procuro.
- Up, Up! Up, Up! Illo! Illo! Illo! Levanta os olhos, ó Baloo da Alcatéia de Seeonee!
Baloo ergueu a cabeça e viu que Chil, o Abutre, descia do alto, com o sol a lhe brilhar nas asas.
- Que há? - indagou Baloo.
- Vi Mowgli entre os Bandar-log. Pediu-me que avisasse seus amigos. Os macacos o levaram para além do rio, para as Tocas Frias, na Cidade Perdida.

Histórias da Jângal - As Caçadas de Kaa

Mowgli, o menino criado por lobos, passou a fazer parte da Alcatéia, e portanto era um grande amigo dos animais da floresta.

Uma vez, ele disse a Baloo e Bagheera que gostava  dos Bander-Logs. Eles não têm leis como os lobos, somente falam para os outros que possuem uma; se consideram muito inteligentes e espertos, mas nunca fazem nada, apenas falam muito, em vez de trabalhar. Nada na selva tem a ver com eles: são covardes e sobem nas árvores para atirar cocos e galhos nos animais feridos. Sempre estão pensando em criar suas leis, porém se esquecem com facilidade de seus interesses.

Um dia, os Bander-Logs seqüestraram Mowgli. Eles haviam estado observando-o por entre as árvores, enquanto construía uma casa pequena com galhos e folhas para abrigar-se. Pensaram que seria muito bom aprender a construir casas como Mowgli. Enquanto ele dormia, se arrastaram até perto deles e os mais fortes pegaram-no pelos braços, subiram até o topo das árvores e correram quilômetros e quilômetros com ele, saltando por entre as árvores. Às vezes saltavam com Mowgli por espaços abertos, de uma árvore à outra. Assim, com saltos e gritos, a tribo inteira de Bander-Logs andou um largo trecho, levando Mowgli prisioneiro.

Enquanto “voava”, Mowgli ia pedindo auxílio aos animais amigos. Acima, no céu, Chill, o pássaro milhano, se deu conta do que passava e , observando para onde o levavam, avisou Baloo e Bagheera, que entraram floresta adentro o mais rápido que puderam, na direção em que os macacos haviam levado o menino. Porém, Baloo já estava velho e não podia nadar tão depressa quanto os macacos.

No caminho, encontraram Kaa, a grande serpente píton, de nove metros de comprimento.

Esta, de bons instintos, porém muito astuciosa, desejava ardentemente comer os Bander-Logs e com facilidade foi convencida a ajudar; além de tudo, Bagheera lhe contou que os macacos a haviam chamado de “Lombriga-amarela-da-terra-sem-pés”. A velha Kaa não era muito de se irritar, mas esta falta de respeito a fez arder de raiva e quando Baloo lhe perguntou se ela iria ajudar a salvar Mowgli dos macacos, ela respondeu que sim!

Kaa, Baloo e Bagheera dirigiram-se para uma cidade em ruínas, onde os macacos viviam e era lá que eles representavam a comédia em que fingiam que eram homens.

Bagheera, rápida, se adiantou e quando viu os macacos reunidos ao redor de Mowgli, lançou-se sobre eles e os atacou sem pensar, mas havia milhares deles! Eles então pularam em cima de Bagheera e dominaram-na. Depois, a machucaram muito, e ela então foi obrigada a refugiar-se em uma peça que continha muita água, enquanto Baloo os atacava também.

Para assegurar-se de que Mowgli não lhes seria tomado, os macacos o colocaram em uma
pequena casa de verão, subiram até o teto e deixaram-no cair em um lugar de onde não podia escapar, pois o local era cheio de cobras. Mas ele imediatamente falou a SENHA que usam as cobras na selva: “Somos do mesmo sangue, tu e eu, irmãozinho”, e desta forma as converteu em suas amigas.

Baloo estava passando muito trabalho, quando chegou a velha Kaa que, utilizando todas as suas forças se lançou sobre o bando de macacos dando golpes com sua dura cabeça para direita e para a esquerda, difundindo terror com seus assovios.Os macacos sabem que sua carne é mais gostosa e que as serpentes gostam. Assim, cheios de terror, correram!

Enquanto isso, Baloo e Kaa dirigiram-se para salvar Bagheera e depois foi Kaa quem conseguiu resgatar Mowgli, fazendo com sua cabeça um enorme buraco na parede por onde Mowgli pode escapar. Kaa imediatamente começo a dar voltas em um campo aberto, enquanto assoviava.
Os macacos que estavam no topo das árvores perceberam que ela estava dançando a “Dança da Fome”. Conforme se enroscava e dava voltas sobre si mesma, os macacos não podiam resistir à tentação de observá-la , a tal ponto que perderam o domínio sobre si mesmos. Então ela ordenou que eles a cercassem, o que foram fazendo gradualmente, até que ficaram tão perto, que ela pode pegar um a um para depois comê-los e satisfazer sua fome.

Mowgli, Bagheera e Baloo voltaram para casa com a promessa do menino de que passaria a ouvir os conselhos de Baloo, para não se meter mais em encrencas.

Histórias da Jângal - Trégua das águas

A Lei da Jângal – que é a mais velha lei do mundo – atende a quase todos os acidentes que possam acontecer para o Povo da Jângal. Código mais perfeito, o tempo e os costumes nunca fizeram mudar.

Mowgli vez por outra ficava impaciente com as constantes recomendações de Baloo, o urso pardo, que sempre lhe dizia:
“Esta é a lei que vigora em nossa selva e que é antiga como o céu!”.

Como o cipó envolve a árvore, a Lei do Lobinho envolve a todos nós. E depois que tiveres vivido tanto quanto eu, Irmãozinho, verás que todos os filhos da Jângal obedecem ao menos uma lei, e não vai ser um acontecimento agradável de se ver.

Essa lição entrou por um ouvido e saiu pelo outro, porque o menino nunca tinha passado por nenhum problema sério. Mas chegou o dia em que as palavras do sábio urso se confirmaram: Mowgli teve oportunidade de ver toda a Jângal agindo sob o comando da Lei.

Houve um ano em que as chuvas de inverno foram muito escassas. Mowgli encontrou com Ikki, o porco-espinho, que lhe avisou que os inhames selvagens estavam secando.

E daí? – perguntou Mowgli.

Nada, agora, respondeu Ikki, com os espinhos eriçados dum modo desagradável. Mais tarde veremos. Dize-me, Irmãozinho, ainda aparece água na Roca das Abelhas?

Não. Ela esta se indo toda, mas não tenho nada com isso, respondeu Mowgli.

Mau pra ti, rosnou Ikki saindo.

Mowgli contou a conversa ao urso. Baloo assumiu uma expressão preocupada porque estava notando que polegada a polegada, o asfixiante calor invadia o coração da Jângal. Estorricava-se a vegetação, lagoas esgotavam-se, transformadas em lameiros. Pressentindo o que estava por vir, pássaros e macacos já tinham emigrado para o norte, cerdos e veados mais se aproximavam das aldeias dos homens, que também sofriam com a seca. Só Chil, o abutre, engordava. Como havia carniça!

Mowgli que ainda não conhecia o verdadeiro sentido da palavra fome, precisou recorrer ao mel azedo, de três anos de idade, das colméias abandonadas e também aos vespeiros, atrás de suas ninfas para saciar-se. Todas as criaturas da Jângal tinham a pele sobre os ossos. O pior, porém era a falta de água.

O calor aumentava sempre, fazendo desaparecer toda a umidade. Por fim o Waingunga, já muito baixo, tornou-se a única reserva de água a correr na Jângal.

Quando Hathi, o elefante selvagem, viu aparecer no centro do rio Waingunga um banco de pedra grande, seco e azulado, percebeu que estava olhando para a Roca da Paz e, como seu pai havia feito cinqüenta anos antes, levantou a tromba para proclamar a Trégua das Águas: e a partir desse momento ficou proibido matar nos bebedouros, porque beber é mais importante que comer.

A seca foi piorando: os búfalos já não encontravam pântanos para se refrescar, nem pasto para se alimentar; as cobras já haviam deixado a Jângal para os rios que também estavam murchos; as tartarugas de rio tinham acabado, muitas delas nos dentes afiados de Bagheera; e a Roca da Paz cada dia se mostrava mais comprida, qual o dorso de uma cobra.

Mowgli, com sua pele nua deixava transparecer todo o seu padecimento: tinha os cabelos descorados e ressecados pelo sol, suas costelas pareciam vimes dos balaios feitos pelos homens, suas pernas e braços pareciam bambus, onde seus joelhos e cotovelos eram os nós, mas mantinha-se com o olhar firme e calmo, recomendação de Bagheera para que não perdesse o sangue frio.

Certo dia vinham os dois conversando com o urso e os lobos sobre os tempos difíceis e como eram grandes caçadores, já que o menino corria atrás de ninfas dos vespeiros e nossa pantera havia atacado um boi na canga... e resolveram ir reunir-se com os outros animais na margem do Waingunga, de onde se avistava a Roca da Paz. Lá estava Hathi, o guardião da Trégua das Águas, tendo ao redor seus filhos, magérrimos, com as pelancas rugosas ainda mais ressaltadas, os veados, porcos-do-mato e búfalos, quando Shere Khan chegou até ali e meteu seu focinho na água, para beber.

Que coisa abominável é essa que nos traz? – Mowgli perguntou ao tigre manco, enquanto observava manchas escuras e oleosas que flutuavam na água, a partir do ponto onde ele bebia.

Um homem! – disse friamente Shere Khan – Faz uma hora que matei um homem.

Entre os animais se produziu um silêncio profundo que logo se transformou em murmúrio e terminou virando um surdo clamor.

Você não tinha outra caça disponível? – perguntou Bagheera.

Não o fiz por necessidade, mas por gosto – e acrescentou, sem dar tempo às queixas dos animais – agora quero beber tranqüilo; alguém se atreve a apresentar alguma objeção?

Você matou pelo prazer de matar? – perguntou Hathi, que se mantivera em silêncio até aquele momento.

Isso mesmo – respondeu o tigre, que sabia muito bem que quando Hathi perguntava o melhor era responder prontamente. – Era meu direito, pois esta noite é minha. Você sabe.

Sim, eu sei – disse Hathi – você já bebeu tudo o que necessitava, agora dê o fora. O rio é para beber, não para sujá-lo. Somente o tigre manco pode ostentar o seu direito nesta estação em que sofremos todos, tanto os homens como o povo da selva. Volte para o seu covil, Shere Khan!

As últimas palavras soaram como trombetas de prata e Shere Khan, sem pronunciar o menor rugido, se levantou e afastou-se imediatamente. O silêncio que se seguiu só foi interrompido depois de alguns minutos pela voz respeitosa de Mowgli.

Que direito é esse de que fala Shere Khan? – perguntou alto, para que Hathi pudesse escutá-lo.

É uma história antiga, quase tão velha quanto a própria selva. Se quiserem escutá-la, fiquem todos em silêncio, os que estão nesta margem e os da outra, e eu lhes contarei. Então Hathi lhes contou uma velha história, tão velha quanto a selva e que descreve como o medo se apoderou dos seus habitantes. Mas isso é uma outra história...

Histórias da Jângal - Tigre-Tigre

 
Para que vocês entendam a história, voltaremos um pouco atrás, quando Mowgli deixou a caverna do lobo, dez estações após sua apresentação à alcatéia. Depois de muito ouvir de Shere-Khan e do próprio povo livre, na Roca do Conselho; Mowgli ergueu-se segurando na mão uma vasilha com a "Flor Vermelha" ( nome dado ao fogo), estendeu os braços e magoado gritou:

-Ouvi! Basta de discussão de cachorro! Muito já me disseram esta noite para provar que sou homem, a mim que desejava ser lobo toda vida, de modo que estou convencido de que sou homem!

Com isso Mowgli derramou as brasas no chão, ateando chamas em um tufo de ervas secas.Todos os lobos recuaram atemorizados e o filhote de homem continuou berrando:

-Vou-me para minha gente. A Jângal estará fechada para mim. Serei, porém mais generoso que vocês; porque fui durante dez anos irmão de vocês em tudo menos no sangue. Prometo que quando me tornar homem, entre os homens não trairei vocês perante eles, como vocês fizeram comigo.

Mowgli ainda prometeu que na próxima reunião da Roca do Conselho que ele viesse, ainda mais homem traria a pele do comedor de bezerros, Shere-khan sobre a cabeça. E também declarou que ninguém mataria Akelá, mesmo sendo ele considerado um lobo morto por haver perdido o bote.

Vieram-lhe soluços de desespero e grossas lágrimas brotaram de seus olhos. Sem entender o que se passava, pois não queria , mas sentia que tinha de deixar a Jângal . Mowgli chorou; Chorou pela primeira vez em toda sua vidinha . "Você já é um homem", disse Bagueera mansamente .

Despedindo-se de sua Mãe Loba na gruta, Mowgli deixa as montanhas de Seeoni e sozinho rumou à aldeia onde morava as estranhas criaturas chamadas homens.

Ao ver o primeiro homem, apontou para a boca aberta significando que tinha fome. Este homem chamou o sacerdote e muitos outros homens, que se espantaram com o menino nu, com cicatrizes de mordeduras nos membros. Após alguns comentários, o sacerdote com solenidade disse a Messua, esposa do lavrador mais rico da região, que levasse o menino para a casa dela, visto que ela havia perdido um filho pequenino para a Jângal.

A mulher o conduziu até a cabana onde havia muitas coisas, e dando-lhe leite e pão chamou-o de Nathoo, porém Mowgli deu a entender que não conhecia tal nome. Cheia de mágoa, Messua disse-lhe que parecia-se bastante com seu filho, e assim ele acabou ficando seu filho.

Mowgli não se sentia à vontade, por nunca ter-se visto dentro de uma cabana, mas sossegou-se vendo o teto onde poderia fugir se lhe desse vontade. Mowgli também se sentia estúpido sem entender a linguagem dos homens, porém isso não era difícil de aprender para quem já sabia imitar tantas outras linguagens. Com isso começou a imitar tudo o que Messua falava, tendo assim aprendido nesse mesmo dia o nome de muitas coisas.

Quando trancaram a porta para que Mowgli dormisse na cama, ele fugiu pela janela, pois não estava acostumado a dormir assim. Foi estirar-se na relva macia do campo vizinho, para lá dormir. Antes que seus olhos fechassem um focinho amigo veio farejá-lo, era Lobo Gris, filhote mais moço de Mãe Loba que lhe trazia notícias da Jângal.

-Shere-Khan foi à procura de caça, mas quando voltar jurou que vai te matar. Mowgli então respondeu:

-Eu não tenho medo dele; Não se assustando com o juramento de Shere-Khan, uma vez que ele também prometeu que o mataria. Depois de prometido que nunca esqueceria os irmãos da gruta, pediu que Irmão Gris sempre trouxesse notícias.

Passaram-se três meses e Mowgli andava muito ocupado em aprender os usos e costumes dos homens. Teve que acostumar-se a usar panos em cima do corpo, o que lhe incomodava muito, a empregar o dinheiro e a usar o arado, que lhe era inútil. Os demais garotos o punham furioso. Felizmente a Lei da Jângal lhe ensinara a dominar-se, porque na vida selvagem o alimento e a segurança dependem muito do domínio sobre si próprio.

Mowgli desconhecia a sua própria força. Na Jângal sentia-se fraco, em comparação com os animais selvagens; na aldeia, os homens o consideravam forte qual um touro, mas nada conhecia a respeito das castas. Tratava a todos com igualdade, o que não agradava a alguns, como o sacerdote.

Na aldeia Mowgli conheceu um caçador chamado Buldeo, que reunido com os velhos da aldeia contava muitas mentiras sobre os animais da Jângal, inclusive histórias inventadas por ele sobre fantasmas. Mowgli provocava a raiva do caçador ao desmentir as histórias contadas por ele. Ao ser repreendido por meter-se na conversa dos mais velhos, foi mandado a pastorear os bois e búfalos, o que não lhe era nada difícil. Então ele disse aos outros garotos que tomassem conta dos bois, que ele sozinho guardava os búfalos. Como os búfalos gostavam de pontos pantanosos para se refrescarem do calor ele os levou para o extremo da planície, lá onde o Rio Waiganga sai da floresta. Saltou no pescoço de Rama, o chefe do rebanho e correu ao local onde marcara com o Irmão Gris. Foi onde novamente encontrou o Lobo Gris e combinaram que quando Shere-Khan estivesse caçando Mowgli, este o avisaria. Foi o que aconteceu após alguns dias; Shere-khan atacaria Mowgli na entrada da aldeia, quando este estivesse voltando com os búfalos.

Mowgli, ajudado pelo Lobo Gris e Akelá, preparou um plano para matar Shere-Khan, ou seja, estes dividiriam a manada de búfalos em duas partes: de um lado os machos, do outro as fêmeas e os filhotes; e fariam um estouro de boiada sobre Shere-Khan que seria esmagado sobre as patas dos búfalos. Este não teria como fugir pois estaria lerdo pela refeição que acabara de fazer ,e cercado por búfalos e pelo barranco. O plano foi bem sucedido. Mowgli com ajuda dos amigos, resolveram retirar a pele de Shere-Khan para apresenta-la à Roca do Conselho, foi quando apareceu o caçador Buldeo, dizendo que ficaria com a pele de Shere-Khan pois havia uma recompensa de 100 rúpias pela morte de tal tigre. Mowgli recusou-se a entregar a pele a Buldeo e este ameaçou dar-lhe uma surra, sendo que Akelá saltou sobre o caçador arremessando o ao chão . Buldeo conseguiu se livrar de Akelá pedindo perdão a Mowgli.

Buldeo ficara assustado achando que era magia ou feitiçaria pois jamais vira um humano dar ordens a um lobo, ao chegar a aldeia contou histórias de feitiçaria e encantamento que deixou o sacerdote assustado.

Após retirar e guardar a pele do tigre, Mowgli e os amigos, recolheram novamente os búfalos e retornaram para a aldeia, ao chegarem viram luzes acesas e pensou "deve ser uma homenagem a mim por ter matado Shere-Khan "; mas uma chuva de pedras fora lançada em sua direção contrariando seus pensamentos.

- Feiticeiro, Lobisomem ! Demônio da Jângal ! Fora! Fora! Atira Buldeo! Atira!

Mowgli para assustado com as pedras e os gritos.

-Não me parecem muito diferentes dos da alcatéia, estes teus irmãos homens disse Akelá, sentando-se calmamente sobre as patas traseiras. Parecem me que estão te expulsando do povoado.

-Outra vez? exclamou Mowgli. Da primeira vez insultaram-me de homem . Agora de lobo !

Vamo-nos daqui Akelá.

Uma mulher corre em sua direção e diz:

- Meu filho! Dizem que você é feiticeiro, não creio mas vai-te antes que te matem Só eu sei que vingaste a morte do meu Nathoo.

- Agradecei a Messua, homens; Por amor a ela deixo de invadir a aldeia com meus lobos e caçar a todos.

Depois do desabafo, incitou os búfalos sobre quem os apedrejavam, e tomou o caminho da Jângal seguido dos dois amigos. Olhava as estrelas e sentia-se imensamente feliz.

Ao chegar ao Jângal, após rever Mãe Loba, foram a Roca do Conselho, onde Mowgli apresentou a pele do tigre.

Os lobos que chegavam à Roca encontravam-se aleijados, mancos e feridos devido a terem ficado sem chefe desde que Akelá foi deposto da chefia. Após verem a pele do tigre os lobos pediram para Akelá chefiar novamente a alcatéia. Mowgli, por sua vez resolveu não mais pertencer a alcatéia e caçar sozinho na Jângal somente em companhia dos quatro irmãos lobos, até o dia em que...

Especialidades

Especialidades dos Lobinhos

A Alcateia é um grupo simpático de amigos e amigas que faz coisas interessantes e divertidas e que funcionam como uma equipe. Entretanto, cada lobinho é diferente dos outros e tem suas próprias capacidades e interesses. É importante que seja assim, porque cada um poderá enriquecer o grupo com suas habilidades e conhecimentos,
para o bem de todos.

Os lobinhos após a primeira estrela podem conquistar especialidades e assim aprender mais e melhor tudo e se preparar para as grandes aventuras que os esperam.

                        
 Especialidade é um conhecimento ou uma habilidade particular que se possui sobre um determinado tema.
 
O Lobinho poderá escolher como Especialidade qualquer tema dentro de cinco ramos de conhecimento.
Se você tiver interesse por algum assunto, converse com sua Akelá ou outro Velho Lobo e se prepare para conquistar uma Especialidade.
As Especialidades podem ajudá-lo a descobrir sua futura vocação.

sábado, 28 de abril de 2012

História - Kotick, a foca branca

 Nasci em uma praia onde milhares de focas se reúnem para passar o verão. Como todo filhote, tive que aprender muitas coisas, antes de “poder nadar com minhas próprias nadadeiras”, como dizem as focas. Com meus amigos aprendi a comer peixes, a chapinhar na água e a enfrentar as ondas.
Quando cresci, tive uma experiência que mudou minha vida: conheci os homens. As foquinhas estavam brincando na praia quando eles chegaram, pegaram algumas e as levaram para um lugar onde estavam outros caçadores e começaram a bater nos meus amigos com paus que tinham ponta de metal.
As foquinhas ficaram imóveis, sem qualquer tipo de reação.
Quando contei às outras focas o que tinha visto, só me disseram que, se eu não quisesse ver as focas morrendo, não deveria me aproximar do matadouro.
Não entendi por que pensavam assim e tomei a decisão de procurar outro lugar para meu povo, onde os caçadores não pudessem chegar.
Mergulhei no mar e chorei muito. Meu pranto chegou aos ouvidos de um leão marinho que me perguntou:
- Posso saber por que você está chorando desse jeito?
- Estão matando todas as foquinhas!
- Como você é exagerado! Você não as está ouvindo brincar na praia? Provavelmente, só mataram umas poucas.
- Mas estão matando! Precisamos encontrar outra praia!- Você deve descansar um pouco e depois procurar o elefante marinho, que talvez conheça um bom lugar.
- Procuro um lugar seguro para as focas – perguntei ao elefante marinho Quem sabe disso é manati, a vaca marinha - respondeu ele - Agora, dê o fora, pois estou muito ocupado. - Ocupado! Ocupaaado...! - gritaram as gaivotas.
Voltei para ouvir a opinião dos meus pais.
Meu pai me aconselhou a deixar as coisas como estavam; minha mãe, que eu deixasse de lado
essas preocupações e fosse brincar com as outras foquinhas.
Vai ser mais difícil do que eu imaginava, pensei.
Não devo lutar apenas contra os homens, mas também contra a resignação do meu povo. Mas não tem importância, vou continuar procurando o que creio que é melhor para todos.
Naveguei muitos mares sem descanso. Atravessei sem sucesso águas frias e quentes, águas calmas e tormentosas. Inspecionei ilhas, rochedos e praias buscando um refúgio para o povo das focas. Mas onde quer que chegasse encontrava sempre com mais caçadores.
Foi uma viagem enorme, até encontrar as vacas marinhas. Comecei a segui-las de um lado para outro sem perdê-las de vista. Por sorte sou um bom nadador. Isso e o empenho para salvar meu povo me mantinham atento e ágil, e quase não notava meu cansaço.
Quando finalmente saíram à superfície, fiquei maravilhado. À luz do alvorecer apareceram diante dos meus olhos várias praias de areia suave e dura, rochas lisas boas para criar filhotes e dunas de inclinação suave. Além disso, meu olfato me informou que nenhum homem havia chegado até aquele lugar.
O que mais podia desejar o povo das focas?
Voltei para Novastoshnah, cansado, porém feliz. Contei minha façanha a meus pais e às outras focas. Convidei todo mundo a me acompanhar até o refúgio, mas só umas poucas se convenceram a me acompanhar.
O que eu não sabia, naquele tempo, é que nem sempre é fácil fazer com que todos aceitem uma nova ideia. As focas precisam de tempo para chegar a uma conclusão. Entretanto, quando chegou a temporada da migração, um bom grupo de focas veio ao meu encontro. Assumi a liderança do grupo e iniciamos a travessia do Pacífico rumo à formosa ilha que eu havia descoberto. E a cada ano, mais focas foram se juntando a nós.
**********************

Objetivos:
1 - Levar a criança a compreender e aceitar novas ideias.
2 - Falar sobre proteção de animais.
3 - Compreender o que levou Kotick a ter iniciativa e mudar o rumo de suas vidas.

Alcateia... Fotos antigas... Prá recordar!!!

Blog de lobinhus :ALKATÉIA LOBO GUARÁ, RELATÓRIO DE ATIVIDADES DA ALKATÉIA LOBO GUARÁ - 12 DE ABRIL DE 2008
Blog de lobinhus :ALKATÉIA LOBO GUARÁ, REFEIÇÕES COLETIVAS; CONVIVÊNCIA E SOCIALIZAÇÃO
Blog de lobinhus :ALKATÉIA LOBO GUARÁ, ATIVIDADES COLETIVAS: BRINCADEIRAS CANTADAS
Melhor Possível!!

Atividades da Alcateia - 28/04/2012 - Sede

Hoje o dia foi chuvoso e cinza, mas como cinza é a cor de uma de nossas matilhas, não nos acanhamos e aproveitamos bastante,  fizemos muitas atividades legais. 

Os Primos cuidando de suas Matilhas
Pelo orgulho de B.P. A alcateia sempre estará
Correndo por aqui, somos Lobos Guará!
Alcateia!!! Lobo Guará!!!
Grupo Voluntários da Pátria!!!
Lobinhos participativos e atentos a cada atividade aplicada.
Contando sempre com a colaboração de Velhos Lobos

Brincadeiras são sempre bem-vindas, fortalecendo os laços de amizade e ensinando a
ganhar e perder sempre com muita lealdade.

Ao final da reunião, todos os Lobinhos foram convidados para participarem da
Roca do Conselho: 05/05/2012

Melhor Possível!!!!

Grito da nossa alcateia



Pelo orgulho de B.P.
A Alcateia sempre estará
Correndo por aqui,
Somos lobos guará.
Alcateia
Lobo guará!!
Grupo
Voluntários da Pátria!!


Ramo Lobinho


Lobinho é o ramo dos Escotismo para as crianças de 6 a 10 anos de idade de ambos os sexos. As idades podem variar dependendo do amadurecimento da criança e sua fase de desenvolvimento. O programa educativo e as etapas do lobinho visam os primeiros ensinamentos para a vida no campo, vida em equipe e desenvolvimento da liderança. Na Alcatéia a criança aprende a se preparar para, quando tiver a idade certa, seguir para a Tropa Escoteira.
O programa da Alcatéia é inspirado no "Livro da Jangal", de Rudyard Kipling, resumido em "Mowgli, o menino-lobo". A organização da Alcatéia pode ser só de lobinhos, lobinhas ou mista. O chefe é chamado de Akelá e seus assistentes podem ser  de Baloo, Baguera, Kaa, Chill e outros nomes de animais representados no "Livro da Jângal".
A Alcatéia é dividida em equipes denominadas matilhas, designadas cada uma com 4 a 6 crianças, nos quais são realizadas atividades de primeiros socorros, economia, trabalhos manuais, vivência no campo e jogos, diferente do sistema de patrulhas, adotada no Ramo Escoteiro ou Ramo Sênior.
O lobo é o animal símbolo de todas as matilhas, que se diferem numa mesma Alcatéia pelas cores próprias dos lobos. A matilha é liderada por um Lobinho ou Lobinha chamado de “Primo”, auxiliado pelo “Segundo”, escolhidos pela Akelá, através de merecimento. Antes de completar 11 anos de idade, o Lobinho é encaminhado para a Tropa Escoteira, se despedindo da Alcatéia.


Objetivo

O ramo lobinho tem como objetivo o desenvolvimento físico, intelectual, caráter, afetivo, social, espiritual e a convivência com a natureza, aprendendo a preservá-la.


lei dos lobinhos

  1. O Lobinho ouve sempre os Velhos Lobos.
  2. O Lobinho pense sempre primeiro nos outros.
  3. O Lobinho abre os olhos e os ouvidos.
  4. O Lobinho é limpo e está sempre alegre.
  5. O Lobinho diz sempre a verdade

Nossa promessa diz :

Prometo fazer o melhor possível para:
Cumprir meus deveres para com Deus e minha Pátria
Obedecer a Lei do Lobinho e fazer todos os dias uma boa ação.
Nosso lema é:
Melhor Possível

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Músicas para os Lobinho♪♫♪♫


Canção do Lobinho 
De olhos castanhos,
De pelo limpinho,
De faro bem forte,
Eu sou um Lobinho!
Sou muito valente
E dou grandes saltos
E no Grande Uivooooooooooooo
Eu grito mais alto!

Eu pulo prá frente,
Eu salto pra trás,
Dou mil cambalhotas,
Sou forte demais!
Tirei as estrelas,
Está tudo azul,
Só falta agoraaaaaaaaaaaaaa
Cruzeiro do Sul!


PIPOCA
Uma pipoca pulando na panela
Outra pipoca começa a responder
De repente começa um falatório
E ninguém mais consegue se entender

é um tal se ploc (pulo prá frente)
ploc - ploc - ploc - ploc (4 pulos prá trás)
ploc - ploc - ploc - ploc (4 pulos prá direita)
ploc - ploc - ploc - ploc (4 pulos prá esquerda)


BOM LOBINHO 
(musica ciranda cirandinha)
Eu sou um bom lobinho
Escoteiro eu quero ser
E seguindo um bom caminho
Bem depressa eu vou crescer!

A Lei e a Promessa
Eu já aprendi de cor
Vou agora bem depressa
Fazer sempre o melhor!


ANDAR DE TREM
Andar de trem, andar de trem
É bem legal, é bem legal
Mas se puxar o cordão, mas puxar o cordão
Você para o trem, você para o trem
E o inspetor, e o inspetor
Se aborrecerá, se aborrecera
E mandará, e mandará
Você descer do trem, você  descer do trem.

(Pode-se falar o nome de um integrante do grupo para que este "puxe" a música para que os demais repitam ou outra alternativa é ir mudando o tom/sotaque da voz).


ACORDA ESCOTEIRO
Acorda Escoteiro, acorda
Que o galo já cantou! (2X)
Cantou, cantou, cantou, cantou, cantou! (2X)
Cocóri-córi-córi, cocóri-córi-có! (2X)
Acorda Escoteiro, acorda
Que o boi já mugiu! (2X)
Mugiu, mugiu, mugiu, mugiu, mugiu! (2X)
Mumu-mumu-mumu, mumu-mumu-mumu (2X)
Cocóri-córi-córi, cocóri-córi-có! (2X)

Acorda Escoteiro, acorda
Que a ovelha já baliu! (2X)
Baliu, baliu, baliu, baliu, baliu! (2X)
Memé-memé-memé, memé-memé-memé (2X)
Mumu-mumu-mumu, mumu-mumu-mumu (2X)
Cocóri-córi-córi, cocóri-córi-có! (2X)

Acorda Escoteiro, acorda
Que o gato já miou! (2X)
Miou, miou, miou, miou, miou! (2X)
Miau-miau-miau, miau-miau-miau! (2X)
Memé-memé-memé, memé-memé-memé (2X)
Mumu-mumu-mumu, mumu-mumu-mumu (2X)
Cocóri-córi-córi, cocóri-córi-có! (2X).

Pode-se substituir a palavra escoteiro por Lobinho se desejar.


 
DANÇA DA SERPENTE
Essa é a história da serpente,
Que desceu do morro
Para procurar
Um pedaço do seu rabo
Hei!!
Você também
É um pedação,
Do meu rabão.


SOU KOTICK
(música: Se eu fosse um peixinho)
Sou Kotick, a foca branca
Gosto muito de brincar
Dou mergulhos, como peixes
Como é bom viver no mar.

Sou amigo e companheiro
Sempre pronto prá ajudar
O meu povo só precisa
de um lugar  para morar. 
Para o Lobinho, é sempre uma alegria cantar.
Não existe uma reunião de atividades para Lobinhos
na qual a música não esteja presente.